PARA MANDELA

Nos conspícuos da alma mais irresoluta, iracível e misântropa, não se pode negar: ainda há sangue. O sangue é o combustível da vida. Sem sangue não se alimenta o corpo, e corpo sem sangue...morto é. Sendo assim, indagar-se-a: como pode existir pessoas que matam e humilham outras pessoas? não lhes passa pela cabeça que todos são iguais, todos são seres humanos? Mandela está morto. Deixa algum legado? Qual? Sim deixa. Deixa-nos o legado da compreensão, deixa-nos a mais difícil das lições: mesmo que encarcerado, não podem as grades corroer o carácter. Prende-se o homem, mas não se prende seus ideias. A morte desse líder - não mito, nem herói - nos ensina que sempre há tempo da reconciliação. Que o tempo da espera não pode apagar o grande sonho. Que o sonho de justiça e igualdade, não mais baseado na cor da pele, podem ser alcançados, porém, nunca sem luta, nunca sem resistir. Mandela parte e nos deixa, brancos, negros, amarelos, índios, enfim, independente de qual etnia seja, a grande lição de que todos somos seres humanos. Mandela está morto...e vivo nos corações dos que acreditam na igualdade humana. Nos conspícuos da alma mais irascível, mais irresoluta, mesmo essas rendem-se aos que não se deixaram vencer pela força, pelas grades. Porque, mesmos nessas, corre sangue.