NATUREZA MORTA

Que não sejam esquecidas em ti,

As sombras que refrescaram os teus pés,

Quando o sol lhes escaldava,

Se me faltaram frutos...

Se não me enfeitei com lindas flores,

Mas tive ramos que sombreavam,

E lentamente refrescavam ao seu redor.

Sei que por vezes fui teu refúgio enquanto caminhavas,

Mas faltaram-me as sementes,

E só, fui vítima das torrentes,

Mas como se pouco fosse,

Outras tantas fortes correntes maquinadas pela natureza,

Fizeram-me levar.

Lembranças de mais de um século,

Desfeitas em poucos segundos.

O meu último suspiro,

E a ninguém mais inspiro,

Apenas lembranças agora,

Sem mais apelos,

É a natureza que chora,

Uma pequena sombra a menos,

Em mim uma grande lembrança a mais...

Um espaço a mais que surge,

Na clareira do mundo já quase sem albergue,

Que falta que faz...

Mas sem ti, ainda assim a vida segue,

E não se percebe,

A natureza se acaba,

E o tempo apenas urge.

Gomes

Josegomes
Enviado por Josegomes em 06/10/2013
Código do texto: T4513942
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