NATUREZA MORTA
Que não sejam esquecidas em ti,
As sombras que refrescaram os teus pés,
Quando o sol lhes escaldava,
Se me faltaram frutos...
Se não me enfeitei com lindas flores,
Mas tive ramos que sombreavam,
E lentamente refrescavam ao seu redor.
Sei que por vezes fui teu refúgio enquanto caminhavas,
Mas faltaram-me as sementes,
E só, fui vítima das torrentes,
Mas como se pouco fosse,
Outras tantas fortes correntes maquinadas pela natureza,
Fizeram-me levar.
Lembranças de mais de um século,
Desfeitas em poucos segundos.
O meu último suspiro,
E a ninguém mais inspiro,
Apenas lembranças agora,
Sem mais apelos,
É a natureza que chora,
Uma pequena sombra a menos,
Em mim uma grande lembrança a mais...
Um espaço a mais que surge,
Na clareira do mundo já quase sem albergue,
Que falta que faz...
Mas sem ti, ainda assim a vida segue,
E não se percebe,
A natureza se acaba,
E o tempo apenas urge.
Gomes