Vazio - de Paulo Ednilson



Não me faz mais,
não me faz menos
o sol que sorvo
neste fim de tarde.

Em nada me altera
essa brisa que passa,
me abraça e se vai...

Pouco me importa
o fim da tarde,
o fim do dia,
o agonizar da noite...

Outras tardes
outros dias
outras noites virão.

Meu olhar sobre o rio
não altera o seu curso
e esse meu discurso
não altera o poema.

Alienado?

Não, crucificado
no vazio das horas que passam
sem minha permissão. 

Paulo Ednilson