Imemorialidade (as mães não morrem jamais)
Minha mãe, ausência-presença,
Que se foi e é um múltiplo:
Mãe de dentro, mãe de fora.
A mãe de fora é a matéria, um corpo
Com massa, altura e volume.
Essa se foi para não mais voltar.
A mãe de dentro, embora, projetada
No corpo que se foi,
Não é ausência, nem ausência-presença, apenas,
Pois é a própria presença,
Pela sua permanência dentro de mim.
Ela que (não) se foi, nem voltará,
Porque permanece.
Ela que não é falta, vem (se)preencherá,
Porque permanece (sempre).
Ela que não é distância, porque está próxima,
Dentro de mim.
Ela que não é lembrança, memória,
Porque não foi esquecida, nem é esquecimento,
Apenas, deixou de ser mãe de fora,
Para hipostasiar-se a mãe (de) dento.
Em permanência, continuidade...
Luz!
Imemorialidade,
Pois que (dentro de mim) mortal não.
(28/04/13)