Imemorialidade (as mães não morrem jamais)

Minha mãe, ausência-presença,

Que se foi e é um múltiplo:

Mãe de dentro, mãe de fora.

A mãe de fora é a matéria, um corpo

Com massa, altura e volume.

Essa se foi para não mais voltar.

A mãe de dentro, embora, projetada

No corpo que se foi,

Não é ausência, nem ausência-presença, apenas,

Pois é a própria presença,

Pela sua permanência dentro de mim.

Ela que (não) se foi, nem voltará,

Porque permanece.

Ela que não é falta, vem (se)preencherá,

Porque permanece (sempre).

Ela que não é distância, porque está próxima,

Dentro de mim.

Ela que não é lembrança, memória,

Porque não foi esquecida, nem é esquecimento,

Apenas, deixou de ser mãe de fora,

Para hipostasiar-se a mãe (de) dento.

Em permanência, continuidade...

Luz!

Imemorialidade,

Pois que (dentro de mim) mortal não.

(28/04/13)

Francisca de Assis Rocha Alves
Enviado por Francisca de Assis Rocha Alves em 30/04/2013
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