"Coalhada" futebol e vida

“Coalhada” futebol e vida

Anos 80, rock nacional na moda, Legião Urbana, Plebe Rude, Ira, Paralamas do Sucesso, e tantos outros, revolucionários de seu tempo. Morava em Caraguatatuba, SP, e vivia uma mudança de cidades e de cultura, vinha de São Paulo e estranhava aquela vila de pescadores onde vim parar. Poucos atrativos à um garoto de 17 anos, a praia, sensacional e pueril, nos remetia a sonhos indescritíveis, mas no final de semana, nos faltava opção. Foi quando comecei a acompanhar um time do bairro, minha falta de habilidade com a bola me impedia de jogar, mas podia assistir.

Foi em uma partida entre times amadores que vi o maior jogador de todos os tempos, pelo menos para mim, alto, longilíneo, elegante, com um domínio de bola incontestável e com o talento designado a Deuses que habitam a terra, para nos alegrar, e nos fazer acreditar em milagres.

Era uma partida entre o time do Massaguaçu, simbolizado por um tubarão, e o time do Brasília, os meus olhos não acreditavam no que viam, Coalhada, sim ele lembrava uma caricatura do famoso “Coalhada” interpretado por Chico Anyzio , entrou em campo com charme e atitude que o distinguia dos outros jogadores, era um jogador perfeito. Lançaram a bola em profundidade, ele elegantemente, dominou no peito, passou entre as pernas do zagueiro, ameaçou um chute, driblou apenas com o corpo e entrou com bola e tudo...

Não gritei “golllllllllllllll” pois estava paralisado diante daquela maravilha, que graças a Deus, pude assistir, meu time ganhou. E vi tantos outro jogos maravilhosos com esse craque do futebol, lances espetaculares, gols memoráveis, títulos, tantos que ninguém queria jogar contra nós, éramos temidos e respeitados, o time de “Coalhada” era imbatível, em todos os lugares que íamos arrastávamos uma multidão, ônibus, caminhões, carros, tudo servia para levar a torcida mais animada do Litoral Norte, aos jogos. Porém esse Homem, foi acometido por uma dessas provações que a vida nos dá, uma doença degenerativa atingiu nosso centroavante, ele lutou, com todas as suas forças, não desistiu jamais, e novamente nos mostrou, aos homens de pouca fé, que a vida vale a pena, sempre, e foi em um lance simples que ele me tirou do meu “lugar comum” e arrancou lágrimas de alegria dos meus olhos. Ele com dificuldades motoras, mas com uma alegria imensa, estava em um almoço em família, quando disse à meu filho:

Pega uma bola no meu carro.

Levantou-se com certa dificuldade e esperou a bola chegar até ele...

Meus olhos estavam mareados, e a minha voz sumira...

Meu filho, batendo bola com meu ídolo, e ele com aquele sorriso no rosto, arrancando felicidades do meu filho...

Coalhada, que bom que você veio, que bom que continua entre nós...

Obrigado!!!!!!

Adriano de Oliveira
Enviado por Adriano de Oliveira em 10/03/2013
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