O amor mata.
Marie estudava medicina, Mark tinha uma banda de punk rock, eles foram apaixonados por muito tempo. Namoraram, casaram, tiveram um filho, ficaram juntos por mais alguns anos e se separaram. Depois de muitos desentendimentos, ela perdeu a paixão por ele. Via isso como uma história com final estipulado. Com toda a bebedeira de Mark, ele era um caso perdido. Ela queria que ele tivesse uma profissão de verdade.
Os dois deixaram de se falar por alguns meses, e no dia do aniversário de Marie, ele ligou bêbado e chorando para ela às 2h da manhã. Dizia que a amava e que desejaria estar com ela pois é a mulher da vida dele. Dizia também que não queria o divórcio mas a felicidade da mulher que ama vinha em primeiro lugar.
- Obrigada, mas deveria ter pensado nisso antes, disse Marie.
E desligou.
Ele continuou chorando e caiu na calçada. Andou junto a sua garrafa de duff, buscando algo que acabasse com a dor que estava sentindo. 2h30 era cedo para um guitarrista que não tinha mais nada a perder. Ele parou num bar de esquina e encontrou amigos antigos de estrada e se pôs a beber e se drogar.
"Cara, está na hora de parar"
"Você já não tem estômago pra isso"
"Vai com calma"
- Eu não tenho nada a perder, disse Mark. Eu perdi minha família, minha vida se tornou uma droga, estou prestes a sair da banda e a mulher que eu amo me odeia, acrescentou.
Um amigo dele, Ronnie, deu um soco forte em seu rosto e ele agradeceu, ele realmente estava precisando disso.
Cambaleando ele foi para a casa, ficou no banheiro por horas, tremendo na água fria. Quando saiu, se sentou no sofá com sua velha guitarra e com uma caixa de lembranças que ele tinha desde que começou a namorar com Marie. Nela se encontravam cartas, fotos dos dois, e as músicas que compôs para ela.
Sentiu um forte aperto no peito e enquanto ouvia Ramones, viu tudo embaçar e foi caindo no chão, derrubando sua guitarra, e todas aquelas lembranças. Mas o rádio continuava a tocar o refrão... "love kills, love kills, love..." E lá se foi mais um guitarrista. Morto de amor.
(Parte dessa história foi baseada na vida dos pais de um amigo meu.)