Meu Pai presente
Ao seu modo,
Amoroso
Incompreensível nas coisas simples
Sensível nas coisas complicadas
Compreensível nos meus temores mais controversos
Pacificador
Intermediador de conflitos
Emblemático
Sério
Sisudo
Às vezes rude
Tudo isso
Nada disso
Nunca senti falta dos teus braços
Guardei pra mim todos os abraços
Que pelo acanhamento não nos permitimos
O tempo passa, Pai
E passou pra nós também
Continuamos acanhados
Mantemos cruzados nossos braços
Adiamos uma vez mais nossos abraços
As palavras de carinho ainda entalam na garganta
O tempo passa, Pai
E haverá um tempo
Que haveremos de nos arrepender
De tudo que não fizemos
De tudo que não dissemos
Mas, pai
Nunca haveremos de nos arrepender
Do respeito que temos
Se não nos interagimos um pouco mais
É porque somos mesmo assim:
Sisudos, rudes
Às vezes sérios demais
Mas pai,
O tempo passa
É tempo de degelo
Ainda não sei te pedir os teus braços
Ainda não sei te dar um abraço
Mas já estou aprendendo
A ser pai
A ser filho
Já te fiz um poema
E assim, letra a letra
Traço a traço
Pouco a pouco
Vamos encurtando nossas distâncias
***Homenagem a João Antônio meu, Pai.
É um orgulho tê-lo ao meu lado.***