Meu Pai presente

Ao seu modo,

Amoroso

Incompreensível nas coisas simples

Sensível nas coisas complicadas

Compreensível nos meus temores mais controversos

Pacificador

Intermediador de conflitos

Emblemático

Sério

Sisudo

Às vezes rude

Tudo isso

Nada disso

Nunca senti falta dos teus braços

Guardei pra mim todos os abraços

Que pelo acanhamento não nos permitimos

O tempo passa, Pai

E passou pra nós também

Continuamos acanhados

Mantemos cruzados nossos braços

Adiamos uma vez mais nossos abraços

As palavras de carinho ainda entalam na garganta

O tempo passa, Pai

E haverá um tempo

Que haveremos de nos arrepender

De tudo que não fizemos

De tudo que não dissemos

Mas, pai

Nunca haveremos de nos arrepender

Do respeito que temos

Se não nos interagimos um pouco mais

É porque somos mesmo assim:

Sisudos, rudes

Às vezes sérios demais

Mas pai,

O tempo passa

É tempo de degelo

Ainda não sei te pedir os teus braços

Ainda não sei te dar um abraço

Mas já estou aprendendo

A ser pai

A ser filho

Já te fiz um poema

E assim, letra a letra

Traço a traço

Pouco a pouco

Vamos encurtando nossas distâncias

***Homenagem a João Antônio meu, Pai.

É um orgulho tê-lo ao meu lado.***

Valmir Abrantes
Enviado por Valmir Abrantes em 06/08/2012
Reeditado em 30/08/2022
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