Seu João, meu sogro
Eita, que seu João não se pôde conhecer,
Mas mesmo assim, foi feito o brinde com a cachaça ardida
Nas notas do violão
Correm gargalhadas soltas,
Imagina se ainda fosse em vida.
Fico olhando o jeitão meio largado
Daquele que também saiu de lá
O tipo de coisa que seu João nem imaginava
Mas elegância nata, é coisa que não se compra e nem se dá
Então eu fico deixando as idéias correndo em volta
Imaginando as serestas sob a lua
Coisa do sangue de quem puxa umas notas
Coisa de filho que canta com a voz solta
Ah, seu João de sangue tinhoso
De perfume na gola e olhar bem lustroso
Na hora da divisão dos atributos do filho
Certeza é que deixou sua marca com gosto.
Mas aviso meu sogro querido,
Que não é sina esta coisa de homem
Se é preciso arder feito pinga em ferida
A briga vai ser feia com seu menino.
Sei que é fala sem chão
Esta minha ladainha
Seu menino, homem feito,
Se atrela nas idéias, se acolhe na paixão.
Eita, seu João quem diria
Que um dia eu estaria por aqui
Imaginando os causos de roda
Criando as falas e a prosa
Então pega a viola e vai para a festa
Que o tatu escapa de novo
Fico aqui proseando, copo tinindo
Quem sabe depois arrisco a seresta
Mas digo uma coisa seu João, meu herói e até salvador
Fez filho de fibra, de porte e de grande valor
Eu toda faceira, olho naqueles olhos de terra
E me derreto toda de amor.
Viu seu João, quanta coisa boa a vida nos dá?
Dá cá mais um gole
Que a vida é curta
Do meu coração, um brinde, ao senhor!