TRIBUTO ÁS MÃES

TRIBUTO ÀS MÃES

Wilton Porto

Somos todos garimpeiros da felicidade. Já nem desperta a manhã e estamos a derramar suor em busca do mais rico ouro: o encontro com o que há de mais belo no nosso âmago, que é o AMOR DE DEUS, querendo pular nos nossos braços e nos brindar com tudo de sublime que esta vida nos oferece e não percebemos.

Para esse fim, Deus nos enviou a cópia perfeita d’Ele– a nossa mãe. A creou com todos os atributos necessários. As bênçãos que Ele derramou sobre ela foi completamente diferente das nossas. Em tudo, uma mãe se difere dos outros cidadãos. A forma de agir, de pensar, de amar, de acolher, de dividir... Possui uma força que não temos. De sacrificar-se que só cabe a ela, como grande estrela divina – certeza deque Deus existe e está sempre no nosso meio.

Minha mãe é, até hoje, pai, mãe, protetora, confidente, amiga... Com quase 78 anos de muita experiência, ela sabe colocar a palavra certa em qualquer ocasião. A idade não representa um peso para ela. Como digna representante de Deus, ela trabalha todos os dias. E não adianta dizê-la para ela ficar sem uma atividade, que é hora de ela descansar. De forma direta ou indireta, ela sabe que Cristo disse: “Meu Pai trabalha todos os dia – vá e faça o mesmo”. Quem quiser ver a minha mãe ficar zangada é chamá-la de “velha”. Ela aceita muito bem os termos “vó”, “vovó”. Quando ela vem passar uns dias conosco, é um protocolo para que ela não ajude nos afazeres de casa. Quanta energia! Eu já sei. Ela sempre fora assim. Não tinha quem a ajudasse, quando meu pai nos deixou. Ela era obrigada a fazer tudo de um lar e ainda costurar, fazer doces para o nosso sustento. E eu vendia os doces pelas ruas e portas de colégio.

Minha mãe era tão dedicada aos filhos, que eu me sensibilizava por demais. E ainda criança eu fiz uma promessa para mim: “deixarei de ser eu mesmo para ajudar a minha mãe a não ser saco de pancadas do destino”. Arregacei as mangas a partir de oito anos de idade. Namoro, bebedeira, lazer... Ah, isso não era para mim. Tornei-me um adulto antes do tempo.

Passamos fome. Muitas vezes, quando morávamos em São Paulo, eu ia para o trabalho sem a marmita. Mamãe dizia: “Verei se consigo algum dinheiro e peço para um dos seus irmãos ir deixar o seu almoço.” Meus olhos ficavam pregados à porta, à espera. Nada de almoço chegar. Às vezes, eu tinha dinheiro para comprar um doce, um chocolate. A maioria das vezes, não. Eu ia para o colégio, depois do trabalho, morrendo de fome. Quando eu chegava à minha casa, era tremendo de fome e dor de cabeça. Meu Deus! Como minha mãe sofria e chorava. A minha vontade de crescer, de ser alguém na vida superava todos os obstáculos. Até chegou que o dia em que o meu salário nos tirou da fome e das dificuldades de pagar o aluguel da casa.

Uma mãe nunca é ela mesma. Eu entendi isso muito cedo da minha vida. Ela renuncia a tudo em prol dos filhos. É capaz de arrancar pedaços do próprio corpo para nos alimentar com os seus tecidos e o seu sangue. Seu grande sustentáculo é a oração, a fé de que Deus nunca a abandona. Sabe que os momentos de dificuldade têm a ver com erros cometidos em algum dia do passado. E, minha mãe, consciente disso, se entrega às mãos da grande protetora: a Sagrada Família. E esta está comigo e eu estou em Deus e Deus está em mim. É por isso que o meu contato com Espírito Santo é constante. E nada faço sem a orientação d’Ele.

É verdade que existem mães e mães. A televisão está constantemente nos mostrando isso. Assim, muitas apenas põem filhos no mundo, contudo não são verdadeiras mães. Mães como dona Sebastiana de Oliveira Porta, Raimunda Ribeiro da Silva e tantas outras temos muitas. Contudo não são todas. Conheço mães que nunca foram mães. E como aplaudo estas! Têm aquelas que são mães de uma multidão de filhos ou de cachorros e gatos e até de porco, como também aquelas que são mães de animais maiores, saindo do normal.

A todas, o meu carinho. Eu sou uma criança crescida, um filho metido a marido. Todo marido é um filho – diz a minha esposa. A ela o meu beijo. Como eu disse para minha irmã, ontem: uma esposa, uma mãe igual à Eliana Serejo Alves Porto só daqui a mais de dez mil anos.