Poema enviado pelos céus para me trazer esse poeta... esse presente!




Mutismo (Afrasia)

Sigo mudo... submundos de toda parte
Num lançamento súbito e tenso
Horas caindo pluma, horas lenço
Por vezes virando sonho e outras restando arte.

Vivo na bamba corda dos malabares
Todo queimando, flutuo manto,
Hora ser riso, hora ser pranto,
Atraio raios, espanto olhares.

Soprando vento de toda crença,
Como se fosse eu a liberdade,
Forjo-me santo na caridade,
Engano ledo que oculta a ofensa.

Antes temi a onipresença
E a todo custo me fiz de casto

Temente hoje à indiferença,
Trêmulo fogo, antes chegava, mas já não basto.