Cantinho da saudade...

CANTINHO DA SAUDADE...

Torcida tavorense, plagiando o querido locutor, Fiori Gigliotti, vamos hoje, tratar da vida de um rapaz muito conhecido na nossa cidade. Esse personagem nasceu no ano em que o Brasil perdeu a Copa do Mundo no Maracanã para o Uruguai. Até parece que como vingança seu pai planejou que o menino seria jogador de futebol. Nosso amigo nasceu no dia 15 de abril de 1950, na cidade de Londrina, cidade que começava a despontar como metrópole do café. Fundada por ingleses, daí o nome Londrina. No Norte do Paraná. Nosso aliado recebeu mais dois irmãos e uma irmã. Moraram alguns anos na cidade de Quatiguá, onde ele ainda tem muitos parentes. Depois vieram morar em Joaquim Távora, onde fez o ginásio no Colégio Miguel Dias, no tempo em que os meninos eram separados das meninas. E os alunos usavam um uniforme muito caro feito de brim cáqui. Parecendo PMS. Quantas saudades...

Torcida tavorense... Ali esse garotinho e seu irmão começaram a jogar as primeiras peladas. Desde aquele tempo ele já sabia lidar com a gorduchinha. E todos os seus colegas queriam atuar do seu lado, para que não perdessem o jogo do intervalo. E lá ia aquele menino avantajado, descendente de italianos, correr atrás da bola, driblar muito e marcar muitos gols.

Torcida tavorense... Como morava próximo ao campo de futebol. Estádio Tenente Ubirajara de Souza, logo começou a atuar nas equipes de amadores da Vila Nova. Era muito bonito ver aquele polaco correr atrás da bola. Alto, magro, e muito forte. Ele sabia dominar a bola. Além de possuir um chute de Pepe, Rivelino, um petardo. A camisa 10 lhe caía muito bem. Lembrava o Evair do Palmeiras. Jogou em todos os times da época.

Nos anos setenta, torcida tavorense... Ele comeu a bola no Tavorense, o tigre da região. E chegou a ser sondado para jogar no Londrina. Dava gosto ver aquele gigante de bunda empinada, com as meias caídas, efetuar seus dribles, armar jogadas e marcar seus gols!

Torcida tavorense... O seu sucesso o deixou empolgado. Além de ter aprendido muito bem a trabalhar com madeiramento. Nessa arte o seu professor era o Sr. João Toledo, muito conhecido da família. Juntamente com o seu pai. Ambos já estão no andar de cima. Mas ele continua a fazer seus trabalhos de carpinteiro. Ele é muito inteligente. O que lhe faltou nos bancos escolares, ele compensou na escola da vida. E alguns anos depois foi para São Paulo, ver jogos de seu alvinegro santista do coração e ainda jogar no bom time do Metrô paulistano. E ajudou fazer os túneis desse famoso sistema de viação urbana.

Torcida tavorense... A vizinha cidade de Quatiguá lhe deu uma influente namorada. De conceituada família. O craque ia de táxi ver a namorada. Ele ganhou muito dinheiro e amigo seu não passava apuros. Era amigo dos amigos. Se um amigo lhe dizia que estava passando fome com a família. Ele lhe dava uma cesta básica, que ele mesmo levava nas costas para a casa do necessitado. Vimos muitas vezes.

Anos mais tarde foi passear a Jacarezinho e foi apresentado para uma moreninha carioca aposentada, que possuía casas no aeroporto e que queria morar com ele. Era a Josí, que tinha trabalhado no Rio de Janeiro na casa de Roberto Carlos. Ela nos perguntava: “Cadê o meu lorão!”, com seu carioca sotaque.

Mas, torcida tavorense... A empolgação do sucesso futebolístico levou aquele gigante a aumentar gradativamente o gosto pelo cigarro, pela cerveja e pela aguardente. Nesses três zagueiros ele não conseguiu dar canetas, nem meia-lua, nem chapéu. Foi marcado por eles e teve que encerrar a bela carreira, muito novo. Foi uma pena.

Torcida tavorense... Ainda na rede da Colônia São Miguel, balança o seu último gol, de pênalti, como o Rei Pelé. Por coincidência no time do Pelé da Brahma. Ele foi derrubado e nós pedimos para bater o pênalti, mas a pequena torcida não nos deixou tentar o gol. E Le marcou com muita categoria. O placar foi de um a um.

Torcida tavorense... Agora ele mora com uma mulher na Vila Nova e continua vivo a tomar sua cerveja e cantar a música: “Do passarinho prisioneiro...”

Estamos falando daquele neto de Italianos a quem devemos muitas obrigações. É o famoso Dairsão. Idair Qualise. Um escorreito carpinteiro. Um mestre. Uma pessoa muito querida nos meios tavorense.

Joaquim Távora, 24 de outubro de 2011. All the rights reserved by Theo Padilha©.

Theo Padilha
Enviado por Theo Padilha em 23/10/2011
Reeditado em 23/10/2011
Código do texto: T3293306
Classificação de conteúdo: seguro