"MISSÃO de PAI" (Que seja + que um Soneto, e não, um Soneto a +)

Que nos garanta há nada

Que saiba pai mais que filho

Cada um traz o seu brilho

De experiência acumulada

Ontem quem sabe, o pai

Era o filho de seu filho

Não se sabe ond’esse trilho

Nos levar, pra onde vai

“Aquilo que sei de cor

Não sei se você entende

Só lhe ensino o que sei.

O resto? Você aprende.

E no que aprender melhor...

Esqueça o que lhe ensinei.”

Ironicamente, no Dia dos Pais, faz OITO anos que ele deu por encerrada a missão de: Meu Pai.

Se vitimou num acidente "bobo", justo no dia dos pais de 2003, permaneceu internado e em coma até o dia 14.08.03, por volta das 6h, segurando minhas mãos, ele partiu para uma nova etapa, encerrando essa missão como meu PAI.

Deixou com os filhos, filhas, genros, noras, netos e netas, uma carga enorme de saudades e um acervo de lições que, de tão extenso e simples, tem assegurada a perpetuidade.

De raciocínio rápido e fala mansa, viveu intensamente, seus 74 anos, e acumulou experiência de uma eternidade.

"A vida é curta para se perder com bobagens. Dê a ela alguma serventia".

De poucas letras (como dizia - tinha apenas "completado o primário"), não perdia oportunidade de assimilar as oportunidades de aprendizagem com a vivência própria e alheia (em outras palavras, nas dele, melhores que as minhas, dizia):

"Não cruze os braços, vendo alguém errar, tente ajudar como puder. Havendo o erro, não condene quem errou, mas não perca a oportunidade de aprender com o erro alheio".

Errou muito.

Muito menos do que acertou, jamais se omitindo, sempre e sempe com a intenção de acertar, de fazer o bem:

"Faça sempre e só o bem. Só faça o mal quando não tiver outro jeito".

"Faça o bem calado e o mal, gritando, para que ninguém repita seu mal exemplo" .

*****

Órfão de mãe, muito cedo, em minha pré-adolescência, e em sendo o "homem mais velho" dentre os filhos, mantive com ele uma relação que ultrapassava os limites formais de filho / pai, alçando às de amigo / amigo, de conselheiro / aconselhado, altenando-se, nesta última, os papéis de aconselhado.

- Pai, por que erro muito mais do que acerto, quando tenho que escolher entre uma coisa e outra?

- Faça o seguinte: anote as escolhas que deram certo e as que deram errado nos últims 90 dias e depois compare (me disse ele, com a sabedoria de quem já vivenciou e não de discurso de auto-ajuda).

Feita a contabilidade, aprendi (aos 10-11 anos de idade) que tendemos a desconsiderar os acertos e as "coisas boas" e a realçar, a dar excessiva importância, aos problemas, aos defeitos e "erros" que cometemos.

E, principalmente, aos cometidos pelos que nos rodeiam.

- Pai, como faço para não errar nas minhas escolhas?

- Simples: escolha sempre fazer o bem.

- E se as duas opções já for escolha do bem?

(Pensou um pouco e respondeu)

- Escolha a opção que faça o bem ao maior número de pessoas... mesmo que você não seja uma delas!

Dessa lição, a síntese: fazer o bem, sem olhar a quem!

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Com outras palavras, outras muitas lições ficaram:

"Nunca perca uma oportunidade de fazer o bem, que elas são poucas, o mal é que está ao alcance da mão.

Se ouvir algo que o desagrade, evite responder na lata: a primeira solução, raramente, é a melhor das alternativas.

Na dúvida, diga "não": vai deixar tudo com está e ter tempo para pensar se vale a pena voltar atrás e dizer "sim"

Paciência para ouvir e entender as pessoas, é a solução para a metade dos problemas do dia a dia.

Não há problema em solução, para quem tenha calma para procurá-la ou paciência para aguardá-la.

Dê mais atenção à intenção, do que às palavras que lhe digam.

Não deixe a raiva ou a emoção cegar a razão, mas não seja racional a ponto de não se emocionar com o que ou com quem mereça.

Nunca diga "eu te amo" se não tiver certeza de que é verdade.

A verdade liberta, a mentira só deve ser dita para evitar um mal.

Seja tolerante com os fracos e rigoroso com os fortes.

Quem não tem o que dizer: grita.

Quem tem razão não precisa gritar.

Perdoe, primeiro a si, e depois a todos, ainda que não mereçam, porque o perdão liberta dos maus pensamentos.

Quando tiver errado, não perca tempo para admitir e corrigir.

Se o erro não tiver mais conserto, compense com um bem muito maior e com a promessa, sincera, de que não vai errar novamente.

Seja sincero no que sente, no que diz e, principalmente, no que faz.

A sinceridade é a matéria-prima da honradez e do respeito.

Imponha respeito com a mente, e não com os braços.

Respeite a ignorância alheia, como respeita a sabedoria, porque de ambas se pode tirar alguma lição."

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Essa é apenas um porção da herança imperecível, do legado inesgotável que dele recebemos e que, com imensa responsabilidade, assumimos a tarefa de disseminar (de difundir, de propagar) aos descendentes e a todos que estiveram com a mente aberta para receber as sementes, que germinarão se, e quando, seu solo se encontrar preparado e na época de maturação natural.

Obrigado Pai.

E até amanhã, na hora da mesa posta.

No almoço do DIA dos PAIS...

BJ

Lobo da Madrugada
Enviado por Lobo da Madrugada em 13/08/2011
Reeditado em 16/08/2011
Código do texto: T3158155
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