Rastro de Estrelas (para Maria Bethânia e Gal Costa)

Quem é a deusa a caminhar entre mortais?

Deixa rastro de estrelas ao transformar em céu o chão tocado pelos pés brilhantes.

Anda por aí a bulir com os sentidos de toda gente.

Seu canto revira sonhos, arrepia corpos, provoca sorrisos, precipita lágrimas, advinha verdades, desnuda segredos...

Sua voz me despe de defesas e me apresenta à minha própria natureza.

Sua voz não me pertence, nem a ela. É o eco dos sentimentos descontrolados que explodem no peito. Sua voz é a fala dos sentimentos.

Canto desprendido é toda doação.

Canto de sereia, prisão.

Ela prossegue, cigana, a levar consigo risos e mortes, promessas descumpridas, beijos, protestos, amores eternos e paixões fugazes.

Ora, a deusa é mulher e chora as suas próprias dores, ri a sua risada, goza seus amores.

Canta em meio aos milhares que povoam a sua solidão todas as vezes que as luzes se acendem.

A mulher-deusa esqueceu se era feliz enquanto eu ria meu riso.

A mulher-deusa sentiu que era feliz enquanto eu ria meu riso.

Jane

20/04/2011

Jane Simões
Enviado por Jane Simões em 23/06/2011
Código do texto: T3053278
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