Rastro de Estrelas (para Maria Bethânia e Gal Costa)
Quem é a deusa a caminhar entre mortais?
Deixa rastro de estrelas ao transformar em céu o chão tocado pelos pés brilhantes.
Anda por aí a bulir com os sentidos de toda gente.
Seu canto revira sonhos, arrepia corpos, provoca sorrisos, precipita lágrimas, advinha verdades, desnuda segredos...
Sua voz me despe de defesas e me apresenta à minha própria natureza.
Sua voz não me pertence, nem a ela. É o eco dos sentimentos descontrolados que explodem no peito. Sua voz é a fala dos sentimentos.
Canto desprendido é toda doação.
Canto de sereia, prisão.
Ela prossegue, cigana, a levar consigo risos e mortes, promessas descumpridas, beijos, protestos, amores eternos e paixões fugazes.
Ora, a deusa é mulher e chora as suas próprias dores, ri a sua risada, goza seus amores.
Canta em meio aos milhares que povoam a sua solidão todas as vezes que as luzes se acendem.
A mulher-deusa esqueceu se era feliz enquanto eu ria meu riso.
A mulher-deusa sentiu que era feliz enquanto eu ria meu riso.
Jane
20/04/2011