MAIS POESIA! ( A Antero de Quental)

MAIS LUZ!

Antero de Quental

Amem a noite os magros crapulosos,

E os que sonham com virgens impossíveis,

E os que se inclinam, mudos e impassíveis,

À borda dos abismos silenciosos...

Tu, Lua, com teus raios vaporosos,

Cobre-os, tapa-os e torna-os sensíveis,

Tanto aos vícios cruéis e inextinguíveis

Como aos longos cuidados dolorosos!

Eu amarei a santa madrugada,

E o meio-dia, em vida refervendo,

E a tarde rumorosa e repousada.

Viva e trabalhe em plena luz: depois,

Seja-me dado ainda ver, morrendo,

O claro sol, amigo dos heróis!

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MAIS POESIA!

Olho o céu de matizes vaporosos,

Vago na vaga de mares impassíveis,

Sonho, repouso, pousos aplausíveis,

Inspiro-me em sóis, raios esplendorosos.

Tempo... vento, vapores caudalosos,

Tento flores, odores indizíveis.

Cascatas beijando matas tão sensíveis,

Banho, chuva, rios do céu, amorosos.

Amo a vida, de luz impregnada

Mesmo que hajam sombras, dor, veneno

E a noite fria se faça calada.

Hei se ser hálito sem retrocesso.

Que Deus me conceda, mesmo morrendo:

Que meu último suspiro seja um verso.

Vivianna di Castro
Enviado por Vivianna di Castro em 16/05/2011
Código do texto: T2974462