PEQUENA LOUVAÇÃO
É preciso não esquecer jamais também daquele estrangeiro, com sua alma ímpar, com sua vida ímpar feita de Dor e de Silêncio, de Recolhimento e de Austeridade, de Aceitação e de Força, de um Estoicismo que nunca vi parelho em qualquer outro ser que tenha conhecido neste mundo.
Louvá-lo e também aos anos fundos de partilha, de comunhão funda, a despeito das sombras, a despeito de outra também sempre presença, oculta.
Louvar a Flor dele recebida, Flor cujo brilho muitas vezes deixo ofuscar em mim pelo brilho da Flor ofertada pelo outro. Reconhecê-las, sempre, a uma e a outra Flor, de perfume e de formato e de solos diversos, ambas nobres, ambas ímpares. Louvá-las sempre, reconhecê-las sempre, tome a vida os caminhos que vier a tomar.
Louvar sempre este ser, este Solitário que foi meu companheiro, este ser sempre a serviço do destino da Espécie. Sempre a serviço do destino da Espécie.
Louvá-lo assim, anonimamente, que já não há como chegar até ele, em razão de infinitas impossibilidades internas e externas que me bloqueiam a voz,que me bloqueiam os passos em direção a ele, que me bloqueiam a palavra com o pedido de perdão, que também a ele, talvez principalmente a ele, eu deva um pedido de perdão.
Zuleika dos Reis, na manhã de 26 de março de 2011.