Uma homenagem
Tenho uma teoria que acaba de vez com a questão da criação da humanidade, que segue – como cristão que sou – a linha do criacionismo, aquela teoria que diz que o mundo foi criado por um ser superior, tanto em ciência quanto em relação ao lugar onde habita, uma vez que este ser habita os céus. É conhecido mundialmente como deus. A teoria é a seguinte: esse tal deus depois de alguns bilhões de anos sem produzir algo significativo, encasquetou que precisava produzir sua obra prima. Então refletiu por alguns séculos e idealizou um ser que seria a perfeição. Esse ser seria a sua imagem e semelhança. Após o período de idealização passou logo à prática, juntou todo o material necessário à criação, bequers, tubos de ensaio, reagentes químicos, microscópio, enfim, toda a parafernália necessária à criação de sua obra de arte. Quando estava tudo quase acabado faltando apenas o toque acabatório, deus ansioso e empolgado por ter criado algo quase tão perfeito se virou bruscamente para pegar a essência final sem a qual não haveria perfeição em sua obra, e eis que deus esbarra em um tudo que continha uma substancia desconhecida e essa substancia mistura-se à solução que daria vida à sua obra prima, daí surge o ser humano do sexo masculino e deus sem nada mais poder fazer limitou-se a dizer a seguinte frase: fudeu! Para a sua sorte, deus havia criado antes o humano feminino que saiu perfeito como ele havia idealizado. A partir desse dia deus nada mais fez, deixou apenas que os dois humanos procriassem assim a humanidade foi crescendo. A maioria dos seres humanos herdou características do ser masculino e uma minoria do ser feminino, isso explica por que alguns seres são realmente imagem e semelhança do criador outros não.
Conto esse estória por que sou definitivamente um pessimista convicto, penso, assim como José Saramago que a humanidade é um projeto fadado ao fracasso. Porém há coisas que acontecem que me forçam a acreditar em dias melhores.
Essa semana recebi de uma amiga um email informando que ela havia sido aprovada numa pós-graduação em comunicação na Universidade Federal Fluminense no Rio de Janeiro. Parece fato normal alguém ser aprovado em pós-graduação, mas não no caso dessa amiga. Não quero dizer com isso que ela seja uma incapaz, muito pelo contrario, o que quero dizer é que todas as circunstancias conspiravam contra ela e contra a qualquer pessoa com a história dela: afro-descendente, pobre, moradora de periferia, fora dos padrões de beleza que a sociedade hipócrita nos impõe, ou seja, a sociedade não dá espaço para pessoas com essas características.
No entanto ela desconsiderou todos os contras enxergou no estudo a possibilidade de saltar as barreiras que lhe foram impostas e corajosamente decidiu que iria vencer e venceu. Será exagerado dizer que alguém venceu na vida por que passou em pós-graduação? Se estivesse me referindo a alguém que tenha nascido com todas as oportunidades a seu alcance, talvez fosse mesmo um exagero, já que esse alguém estaria apenas cumprindo seu destino. Mas estou a me referir a alguém que pela sua historia de vida, por sua condição social tinha todas as possibilidades de ser apenas uma vítima do sistema assim como a maioria. Estou me referindo à grande pequena menina que por algum motivo herdou características do ser feminino criado por aquele deus desastrado. E são pessoas com tais caracteres que ainda me fazer crer em dias melhores, são pessoas desse tipo que fazem a diferença ainda que seja pequena, mas fazem ao menos em suas próprias vidas uma revolução.
Parabéns Lucineide, você é um tapa na cara do racista, uma cuspida no rosto do preconceituoso, uma subida de bença com os dois pé nos peito sistema, você é uma vingadora, uma -parafraseando Edson Gomes – guerreira do terceiro mundo! Tenho certeza que a partir de você outros vingadores, outros guerreiros surgirão.