A UM ANIVERSARIANTE

Mais uma vez, como há décadas-milênios, venho para saudar-te, Milagre Terrível, neste dia do teu aniversário.

Venho, para mais uma vez saudar-te, meu Assombro, Presença Onipotente nas noites dos meus dias, nos dias das minhas noites, nas madrugadas para sempre sem medida.

Mais uma vez para saudar-te, Eternidade minha, Espelho Espantoso onde se sucedem as imagens de ti em mim, onde se sucedem as imagens de mim, da que fui, da que poderia ter sido, da que permaneço, para além do Fim dos mundos.

Deste lugar para além do Fim dos mundos ,venho para mais uma vez saudar-te, Paisagem Inesquecível, lugar da minha Mortalidade e da minha Dor, lugar do Amor que me olha do Fundo do Tempo, tantas vezes cego, tantas vezes louco, tantas vezes esquecido de si mesmo e esquecido de mim, tantas vezes condenando-me aos degredos nos lugares que o pensamento não consegue alcançar.

Eu, esta esquecida de si mesma, vem ainda, como no seu sempre, para infinitamente saudar-te, Ser Que Se Ausenta; vem para mais uma vez dizer-te que permaneces para além de todos os mundos que se foram, para além de todos os Apocalipses, para além das coisas que me mostra o teu terrível rosto humano, para além das coisas que nos mostram a tua e a minha terrível humanidade feita de Renúncia. Feita sempre só de Renúncia. A ti, Presença de Renúncia a que não se consegue renunciar.

Na alta madrugada de 09 de fevereiro de 2011.