ADEUS A SARAMAGO
Os homens passam suas obras ficam
Por que tem que ser assim?
Não poderia a existência ser arbitrada pelo existente?
Não poderiam as letras trazer o rosto do escritor?
Não poderia ...
Não, não poderia
E assim vai você Saramago
Vai habitar o desconhecido e dar-lhe mais sentido
Vai à terra dos bem aventurados
Terra enaltecida por Sócrates quando da cicuta.
Que suas letras que a tantos acordaram do sono
E o ensaio sobre a cegueira tornou-se metáfora
Para a cegueira diária aos problemas e misérias
E a letargia que cauteriza as sensibilidades
Querido Saramago,
Você nos apontou em obras que os caminhos eram outros.
Lamentamos sua partida
Porém nos regozijamos da companhia
Que prazerosamente desfrutamos.
Não estamos órfãos
Somente sabemos que você partiu
E como um garoto travesso
Não deu tchau nem um até logo
Tudo bem!
Já sabíamos que assim seria, sem ponto nem vírgula, apenas o fim.