PRA TI, COM CARINHO

Há alguém no Recanto

Que só vejo os lábios, pois que aparece só a boca

Lábios rosados, carnudos

A expressar sentimentos

A despejar sentimentos

Em pequenos pedaços de papel, sinto-me espiar

Ou ainda no teclado ou com o cinzel

Vai da alma jorrando

Os mais intensos desejos, arrepios

Devaneios e rejeitos

Tua boca muito fala

Diz pra mim que não carece rosto

Amarelado, descascado, na moldura de um retrato

Esculpido, esquecido, na figura inacabada

O artista mostra um pouco

De tão densas as paixões que alucinam o seu peito, sua alma

E nada mais pretendo ver, só a clareza de tua alma

E também toda a vida, de quase rosado carmim,

O desejo assinalado

Do coração que ri e chora versos

Escondido, curvado sobre si

Qual "O Pensador", de Rodin

Tanto é o seu amor, tanto é o seu brotar

Ah! e os olhos, estes perdidos e escondidos

A percrutar toda existência

A perfumar de poesia ou,

Como a si próprio se define

A infestar de alegrias todos os nossos corações!

E, muitas vezes, de exclamações e interrogações

Nos fazendo navegar no teu mar de sentimentos

Ora voando junto ao vento, ora lutando contra ele!

Uma pequena homenagem a você, INFETO, que tão lindo e profundo escreves. Me tocas muito, pois te entendo entrelinhas, eis que pões, a cada linha, toda a fúria linda do viver e do pensar ou, como outras vezes, todo o frescor da brisa só a balouçar-te no poetar profundo. Ansiedade viva, pulsante, tocante!

Com todo o meu carinho e admiração, recebe-a, pois é de coração.

abraços poéticos.

Obs. Acabei de acordar e vim correndo para o computador para escrever-lhe, como todo poeta principiante muito louco, mas que, aos poucos, vai aprendendo a lidar com esta loucura que jorra aos borbotões. Hoje era para ti. Do sono reconfortante e quieto, deve este poema ter brotado.