MARIA THETIS NUNES

Sim, ela, Thetis (esta a ortografia do seu registro, com h e sem acentuação), professora, historiadora e mais, muito mais, tanto que não é possível dizer. Não aprecio começar um texto a partir de dados biográficos. Esses estão por toda parte. Entretanto, digo que é filha de Itabaiana, município sergipano, terra da minha mãe.

Não é Thetis que conta a História, mas a História que conta Thetis. Sem questionar, digo aos que me lêem que a História de Sergipe tem dois hemisférios: um antes dela. O outro, depois dela. Nada se pode pensar ou escrever sobre o Estado de Sergipe sem consultar a obra dessa cientista.

Na madrugada desse domingo, 25 de outubro de 2009, Thetis sai de Sergipe para entrar na história de Deus, da Eternidade.

Não me referirei à idade, pois essa mulher, como as esfinges do Egito, é perene. Perene em sua criteriosa e científica obra, referencial que atesta sua capacidade reconhecida por onde andou, inclusive fora dos limites do Brasil. Trabalhou durante anos, em posição destacada, na cidade de Buenos Aires, terra de sua paixão e motivo de suas crônicas românticas.

A mestra dos mais ilustres sergipanos, por eles reverenciada, considerada “a mulher do século”, frequentava assiduamente a Academia Sergipana de Letras, interagindo, invariavelmente.

Elegante, altiva como os templos gregos, majestosa tal a bela Serra de Itabaiana, lúcida, providencial em suas intervenções, uma musa eterna das sessões da casa das letras sergipanas. Ao erguer sua voz, os pares postavam-se em atitude atenta e contemplativa.

Thetis cuidou muito bem do Estado de Sergipe. Toda e qualquer homenagem agora a ela dedicada é pequena para a sua luz. Foi inspirada nessa senhora que escrevi um poema e o li, em sessão da ASL, ao som de La Cumparcita:

LA MAESTRA

El hombre hace la Historia

aunque la maestra colecta las pequeñas partes de la vida

_(cosas sin importancia frente a la Eternidad)_

descoloridas por el tiempo.

Pasan las primeras lluvias

y también las flores de la primavera;

el verano dora los montes y los frutos,

aquece el suelo.

El otoño llora el gris de las mañanas.

Adonde te lleva el viento de los siglos?

Adonde quedaron tus cabellos?

Los inquietos ojos de la maestra

miran los desiertos colmados de pasión.

La naturaleza habla de besos cálidos

y de la inutilidad de las teorías.

La verdád es una barcaza de soledad

y tristeza, y la ciencia, un juego

cuya principal pieza duerme para siempre

en las profundidades del oceano.

Tânia M. da C. M. Silva

16 de julho de 2007

Esta página é um ínfimo grão de areia no oceano que é Maria Thetis Nunes, sinônimo de amor a Sergipe.