A suave matriarca
Histórias para recordar as avós - [ 25/07 ]
A suave matriarca
Henriqueta Alves Salum, minha vó é 10 e permanecerá sempre viva em minha memória. Casou-se muito cedo, com apenas 15 anos, com o meu bondoso avô turco e dedicou-se a ele, aos filhos, netos e bisnetos durante toda vida.
Minha vó teve com o turco Elias sete filhos. Respeitando as diferenças, minha vó era a Gabriela e meu avô o Nacib, da obra de Jorge Amado, Gabriela, cravo e canela
Como a Gabriela, minha avó Henriqueta era exímia cozinheira, costureira e dona de casa.
Ela aprendeu tudo sobre a cozinha árabe com meu avô. Até hoje sinto falta do barulho de socar a carne no pilão de pedra para fazer o quibe cru dominical. Começava antes da 6 da manhã para ser degustado lá pelas 11 horas. Era o único dia que tínhamos taubaína e uma cerveja para toda família. Não existia geladeira nem máquina de moer carne, daí que a carne era socada no pilão de pedra. De delicioso que ficava, era para comer ajoelhado, rezando.
Dona Henriqueta, matriarca, conseguia manter todo mundo na rédea curta.
Eu era o xodó de minha vó, ela fez minhas camisas brancas para serem usadas com abotoaduras e meu terno de primeira comunhão.
Mudei para a capital para estudar e ela continuou lavando e passando minhas roupas no fim de semana. Quando nasceu-me o primeiro filho, mudou-se para lá, para cuidar pessoalmente do bisneto.
E assim foi sempre. Tratava dos bisnetos com o mesmo carinho e cuidados que cuidou dos filhos e netos. Minha vó não é 10, ela é 20.
Que saudades!
Douglas Lara
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