A Elisa Lucinda - 9 -

LIBAÇÃO

É do nascedouro da vida a grandeza. É da sua natureza a fartura a

proliferação

os cromossomiais encontros, os brotos, os processos caules, os processos

sementes

os processos troncos, os processos flores, são suas mais finas dores

As conseqüências cachos, as conseqüências leite, as conseqüências folhas

as conseqüências frutos, são suas cores mais belas

É da substância do átomo

ser partível produtivo ativo e gerador

Tudo é, no seu âmago e início,

patrício da riqueza, solstício da realeza

É da vocação da vida a beleza

e a nós cabe não diminuí-la, não roê-la

com nossos minúsculos gestos ratos

cabe a nós enchê-la, cheio que é o seu princípio

Todo vazio é grávido desse benevolente risco

Todo presenté guarnecido do estado potencial do futuro

Peço ao ano novo

aos deuses do calendário

aos orixás das transformações

nos livrem do infértil da ninharia

nos protejam da vaidade burra da vaidade "minha" desumana sozinha

Nos livrem da ânsia voraz

daquilo que ao nos aumentar nos amesquinha

A vida não tem ensaio

mas tem novas chances

Viva a burilação eterna,a possibilidade:

o esmeril dos dissabores!

Abaixo o estéril arrependimento

a duração inútil dos rancores

Um brinde ao que está sempre nas nossas mãos:

a vida inédita pela frente

e a virgindade dos dias que virão!

(Elisa Lucinda)

Um brinde a essa poeta-maior!

Maria Neusa em setembro de 2009

maria neusa
Enviado por maria neusa em 16/09/2009
Reeditado em 16/09/2009
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