Téo Azevedo
CORDEL
Como se fosse um desbravador
Empunhou nos braços sua viola
Abriu seu peito de ´´cantado´´
Assim como abre ´´no gaio uma flo´´
Assim como um livro conta sua história
Cada poesia que cantava
Rimava um fato acontecido
Como se soubesse que cada palavra
Por mais que fosse calada
Tinha boca olhos e ouvidos
Não tardou quase nada
Pra que ele pegasse um bocado de ar
Seus pulmões não apenas respirava
Todo ar que ele inalava
Devolvia num simples cantar
Às vezes caboclo solitário
Porteira de fazenda abandonada
Conhecedor do imaginário
Produzindo seu próprio dicionário
Daquilo que iria falar
De uma serenidade serena
Calmo, mas não tão tranqüilo.
De que importa se a fama é pequena
Mais vale o talento do que o esquema
Pois a arte é uma jóia de vidro
Quanta inquietude cultural
Procuram-se formas e estilos
Quando o belo é apenas o sal
Que tempera o todo por igual
Cada pagina de um único livro
Sem perguntarem se queria
Deram-lhe os nomes em segredo
Assim deram também pra JESUS E MARIA
Como todo pedaço é uma fatia
Eu te batizo´TÉO AZEVEDO´´
Zé Paulo Medeiros