VICENTE ANTUNES, UMA SAUDADE.

Conheci Vicente Antunes numa manhã do dia 14 de julho do ano de 1985 e desde esse dia, para minha alegria e honra, me tornei seu amigo. E hoje ao redigi essa crônica, não tem como não temperá-la com meu pranto, mas não é pranto de tristeza, é diferente, pois é pranto de saudade.Ele, Deus louvado, é meu tipo inesquecível. Tudo nesse turmalinense de boa cepa, é bem composto, bem ornado, de uma figura digna de um grande homem, ombreando com os maiores filantropos que andaram com os pés sobre a terra em todos os tempos. Nascido aos 19 de julho de 1929, foram seus pais o capitão da Guarda Nacional Américo Antunes de Oliveira (*1893—†1971) e dona Joana Maciel Antunes (*1899—†1988), oriundos, pai e mãe, das mais robustas arvores genealógicas do vale do Jequitinhonha e do nordeste de Minas Gerais. Neto paterno do tenente-coronel Horácio Antunes de Oliveira (*1840—†1895) e de dona Claudiana Antunes de Alencar (*1847—†1887); e neto materno do major João Soares Maciel (*1858—†1946) e de dona Joana Gonçalves Maciel (*1864—†1900). O pai e o avô materno foram políticos distritais em Turmalina, ocupando cargos de eleição popular e de nomeação governamental, tais como os cargos de vereador, subdelegado distrital de policia, juiz de paz e notários públicos, cargos que exerceram com reconhecida competência e probidade.

Vicente Antunes foi contabilista de profissão e se aposentou no cargo de secretário municipal de governo após trinta e dois de serviços prestados à causa pública.

Em sua carreira pública foi eleito o 2º prefeito da cidade de Turmalina, em Minas Gerais (1953-1955) e vereador à câmara municipal da mesma cidade por vinte anos ininterruptos (1962-1982). Na câmara exerceu por mais de uma vez o cargo de secretário e vice-presidente, ao tempo em que chama do civismo ardia no peito de cada homem público.

Como membro da Conferência de São Vicente de Paulo foi que teve atuação mais profícua e profunda. Professou na entidade em junho de 1940, levado pelas mãos impolutas do beato padre Guilherme Westerlaken. Foi eleito presidente na sessão de 17 de outubro de 1960, após a morte do inesquecível presidente Lauro Machado Pereira, exercendo a presidência ininterruptamente por quarenta e oito anos até a data de 31 de janeiro de 2009.

Como presidente da Conferência Vicentina idealizou e construiu o monumental Hospital São Vicente de Paulo, cuja pedra fundamental foi posta em 1962 e a inauguração verificou-se em 22 de outubro de 1978. Coube-lhe a direção do hospital de 1978 até o dia 31 de janeiro de 2009, quando foi sucedido pelo confrade Anderson Cordeiro dos Santos (presidente) e Valdivino Pereira Ferreira (vice), Maria Najarde Orsine (tesoureira) e Maria Nilza Godinho Santos (secretária). São inesquecíveis os nomes dos confrades Valdêz Coimbra Maciel (ex-vice-presidente), Adão Pinheiro da Fonseca (secretário), o ultimo já pisando o plano superior.

Ninguém foi mais feliz em definir Vicente Antunes do que o padre Marcel Viana dos Santos nas celebrações de suas exéquias, classificando-o como um homem reto e justo. A sua partida para os átrios celestes foi sentida por todos os habitantes do médio-alto vale do Jequitinhonha, onde o ilustre falecido gozava de geral consideração. Não há como esquecer o olhar sincero, vindo de uma janela d’alma de vítreo azul celeste, onde nadava em água rasa amor à Deus e paixão ao próximo; um porte elegante, bem-disposto, onde imperava em perfeita conjunção a imponência e a humildade; uma fala cativante que enleava os velhos e as crianças, porque de sua boca só saía palavras edificantes; uma personalidade benfazeja, que só anelava o bem da inteira população; um cidadão prestante, que exerceu a cidadania na sua inteira plenitude.

À par da tristeza que foi o dia 26 de maio aqui na terra, tomo licença poética para dizer que no céu deve ter imperado geral e festiva alegria, porque não é todos os dias que alí chegam homens do quilate de um Vicente Antunes de Oliveira. Já deve estar no calor sagrado de Deus, nos pátios sem-fim do céu, onde os puros tem a sua própria pátria natal.

Pelo costado paterno, corre em minhas veias o sangue Antunes de Oliveira, trineto que sou de D. Clemência Antunes de Oliveira (*1838-+1914) casada com o tenente-coronel Tristão Apolônio Lisbôa dos Santos (*1832-+1898). D. Clemência, minha trisavó, é irmã do tenente-coronel Horácio Antunes de Oliveira, avô de Vicente Antunes de Oliveira (*1929-+2009).

Valdivino Pereira Ferreira
Enviado por Valdivino Pereira Ferreira em 04/06/2009
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