Uma homenagem a Minha querida avó Yayá (Duzinha), com muito amor.
Dona Yayá morava no interior da Bahia, em uma pequena cidade. Era muito respeitada pelo seu conservadorismo e franqueza, não tinha “papas na língua” assim diziam. Mas era muito querida. Autoritária, fiel aos costumes e valores de família, era amada e ao mesmo tempo temida pelos netos, quatorze no total (na época recordada aqui). Alguns episódios onde ela é a principal figura merecem registro. Cuidadosa ao extremo com a neta mais velha, ela exorbitava em fiscalização, mas também amolecia quando era necessário.
Certo dia, uma amiga da neta adolescente chamou à porta: Yara! Ô Yara! Vó Duzinha, como também a chamava, sempre de olhos e ouvidos bem abertos, perguntou: - quem é?
- Sou eu, dona Yayá, Analu!
Vale registrar que a Analu era uma garota “adiantada” como se dizia na época e vó Duzinha, que não ia muito com sua cara, respondeu sem sair da poltrona onde estava sentada na sala:
- Você é uma menina muito sirigaita e mal educada e não quero que Yara se misture com você, por isso, vá para casa e não volte mais aqui. Quase que a amizade Yara-Analu se desfez, mas só quase.
Vó Yayá tinha uma neta, a mais nova dos que moravam com ela, Joana.. Um dia, Joana, com oito anos de idade, voltava da casa vizinha com as mãos cheias de araçás verdes. Colocou as mãozinhas atrás das costas e passou correndo pela avó, que estava sentada na porta “tomando uma fresca”.
- Ei, ei, para onde você vai? Volte aqui!
- O que é vó?
- O que você tem escondido aí atrás? Mostre! E Joana, sem poder fugir, abriu as mãos e mostrou.
- Você não sabe que comer araçá verde dá dor de barriga? Ande, vá lá no quintal e jogue tudo fora no balde de lixo, agora!
- Joana saiu quase chorando, pelo grande corredor da casa antiga.
- Ei! Ei! Volte aqui!
- O que é vó?
- Mas antes me dá duas.
Era com Yara que ela gostava de passear aos domingos à tarde. Depois do banho, vestia um dos seus melhores vestidos, enchia-se de “pó de arroz” e dizia: - Yara, vamos passear. E lá iam as duas de mãos dadas. Acontece que vó Duzinha não segurava seus “puns”. Ela dizia com seu jeito excêntrico e peculiar de falar: - como segurar, se eles querem sair? E era durante os passeios que isso mais acontecia. - Na rua pode, ela dizia.
Um dia, iam caminhando em direção à casa de uma amiga para “merendar”, quando de repente o alto ruído aconteceu.
- Vó, você soltou um “pum” e esse foi bem alto!
- Eu? Está vendo esse moço aí na carroça, foi ele, você não viu? Eu vi e ouvi! Nem sei se foi ele ou o cavalo... E o caso estava encerrado. As duas gargalhavam pela calçada...
Assim era a vó Duzinha. Sou muito parecida com ela e "quem puxa aos seus não degenera"
Que contem mais estórias delas seus netos.
:::
IMAGEM: vilamulher.com
Dona Yayá morava no interior da Bahia, em uma pequena cidade. Era muito respeitada pelo seu conservadorismo e franqueza, não tinha “papas na língua” assim diziam. Mas era muito querida. Autoritária, fiel aos costumes e valores de família, era amada e ao mesmo tempo temida pelos netos, quatorze no total (na época recordada aqui). Alguns episódios onde ela é a principal figura merecem registro. Cuidadosa ao extremo com a neta mais velha, ela exorbitava em fiscalização, mas também amolecia quando era necessário.
Certo dia, uma amiga da neta adolescente chamou à porta: Yara! Ô Yara! Vó Duzinha, como também a chamava, sempre de olhos e ouvidos bem abertos, perguntou: - quem é?
- Sou eu, dona Yayá, Analu!
Vale registrar que a Analu era uma garota “adiantada” como se dizia na época e vó Duzinha, que não ia muito com sua cara, respondeu sem sair da poltrona onde estava sentada na sala:
- Você é uma menina muito sirigaita e mal educada e não quero que Yara se misture com você, por isso, vá para casa e não volte mais aqui. Quase que a amizade Yara-Analu se desfez, mas só quase.
Vó Yayá tinha uma neta, a mais nova dos que moravam com ela, Joana.. Um dia, Joana, com oito anos de idade, voltava da casa vizinha com as mãos cheias de araçás verdes. Colocou as mãozinhas atrás das costas e passou correndo pela avó, que estava sentada na porta “tomando uma fresca”.
- Ei, ei, para onde você vai? Volte aqui!
- O que é vó?
- O que você tem escondido aí atrás? Mostre! E Joana, sem poder fugir, abriu as mãos e mostrou.
- Você não sabe que comer araçá verde dá dor de barriga? Ande, vá lá no quintal e jogue tudo fora no balde de lixo, agora!
- Joana saiu quase chorando, pelo grande corredor da casa antiga.
- Ei! Ei! Volte aqui!
- O que é vó?
- Mas antes me dá duas.
Era com Yara que ela gostava de passear aos domingos à tarde. Depois do banho, vestia um dos seus melhores vestidos, enchia-se de “pó de arroz” e dizia: - Yara, vamos passear. E lá iam as duas de mãos dadas. Acontece que vó Duzinha não segurava seus “puns”. Ela dizia com seu jeito excêntrico e peculiar de falar: - como segurar, se eles querem sair? E era durante os passeios que isso mais acontecia. - Na rua pode, ela dizia.
Um dia, iam caminhando em direção à casa de uma amiga para “merendar”, quando de repente o alto ruído aconteceu.
- Vó, você soltou um “pum” e esse foi bem alto!
- Eu? Está vendo esse moço aí na carroça, foi ele, você não viu? Eu vi e ouvi! Nem sei se foi ele ou o cavalo... E o caso estava encerrado. As duas gargalhavam pela calçada...
Assim era a vó Duzinha. Sou muito parecida com ela e "quem puxa aos seus não degenera"
Que contem mais estórias delas seus netos.
:::
IMAGEM: vilamulher.com