GUERREIRO
Domingo... A manhã surgiu como magia e o sol iluminou cada recanto. Meu despertar foi com o canto dos pardais e com os gatos da vizinha que não sei por que gostam de namorar sobre o meu telhado.
Um seco barulho na porta demonstrou que o jornal, pelas mãos dos mensageiros, havia chegado trazendo-me notícias do mundo. As plantas sorriam, as flores se abriram, as formigas caminharam céleres, os carros começaram a passar em velocidade, as pessoas a transitar apressadas, preocupadas... Em descompasso com a manhã, com o dia... Com a vida, que magicamente se movimentava ordenadamente. O telefone tocou lembrando que havia jogo... A Esposa mecheu-se na cama e resmungou que haveria Missa. A Filha cobrou presença.
Correndo os olhos pelo jornal nada me chamava a atenção a não ser a triste constatação que o mundo carece de amor. E o amor é que ordena e dá sentido a vida. É o amor que perdoa, que sabe esperar porque é paciente. É o amor que sublima a vida e que jamais passará. O amor anda pelas ruas, sorrindo fazendo as pessoas sorrir, acenando com as mãos dizendo “estou aqui!”. Deixando o jornal de lado subi a avenida no mesmo horário de sempre para comprar pão e senti falta do sorriso fraterno, do aceno de mão dizendo “estou aqui”. Das palavras, roucas, de consolo a confirmar que há um Deus amoroso, maravilhoso e que é preciso acreditar sempre na sua presença, porque Ele jamais falha. Sentiram falta também nesse dia, alguns moradores, que a sociedade rotula de “favelados”, que a sorte teimava em jogar contra.
Perdemos o sorriso, que ficará na lembrança, perdemos o aceno a nos indicar sempre como devemos agir, perdemos a voz que consolava para que alguém possa assumir, agora, o seu posto de consolador e ganhamos a disposição, a garra, a imagem do guerreiro a ser seguido, imitado, guerreiro que luta pela vida, contra a morte. Rico guerreiro que tem a seu lado, no campo de batalha da vida, outros guerreiros, menos experientes, menos confiantes, sem sorrisos e sem acenos, mas guerreiros que lutam e aprendem a lutar em favor da vida, sua vida guerreiro, que é a vida deles. Falta guerreiro seus soldados aprenderem que aqui não se perde a vida e sim que aqui se ganha a vida. Contigo, guerreiro, aprendi, você me ensinou que o nosso tempo aqui é o tempo que Deus tem para fazer com que os outros compreendam isso.
Voltei para casa um tanto triste, confesso, com esse nosso Deus que esse guerreiro diz ser misericordioso, piedoso...
Para alegrar o meu café da manhã, coloquei um CD e o guerreiro Francisco Caetano, o Chico da Áurea me disse, ou nos disse através da voz de Renato Teixeira:
“QUEM MORA NO MEU PASSADO, QUANDO QUISER PODE VIR”.
“SIGAM-ME GUERREIROS DE CRISTO”
No meu domingo faltou alguém... Mas continuou lindo.