Tem nome de santo a minha rua. Meu bairro e minha cidade também, outros tantos. E o estado também, discípulo.

Mas meu bairro foi tomado por religiosos não católicos,  que não gostam que se fale de santos. Então, morar por aqui é quase um pecado, impronunciável.

Nessa rua tem um sobe e desce que deixa as pernas de todos mais fortes. Para ir aqui e ali se sobe e se desce. E tem tudo aqui ao redor da minha rua. E tem todos.

Um menino de dois anos, com olhinhos azuis, esperto. É o Leo, filho da Rosângela e do Cleber. Está falando, e esconde os olhos, que sabe que adoro, com as mãozinhas brancas, só pra fazer um charminho pra mim.

Na esquina de frente à minha casa, tem uns sobrados novos. Tem vizinhos novos, alegres. Tem festa todo sábado, com sambão. É bom que se enriqueçam os ruídos da minha rua.

Na rua de baixo, às quartas, tem uma feira livre. Cheirinho bom de pastel logo cedo vem me acordar. E tem a barraca de frutas, muito boa: olha a laranja... / banana menina, tem vitamina... E a barraca de ovos: dez ovos por uma pataca.

Ouço poesia quando ando pela minha rua...
Sônia Casalotti
Enviado por Sônia Casalotti em 13/12/2008
Reeditado em 14/12/2008
Código do texto: T1333415
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