HAICAIS PARA BRASILIA
Esses haicais foram escritos na metade da década de 75, quando a urbe ainda não tinha passado pelo processo de inchação. Havia muitos espaços vazios, pouca gente nas ruas, uma nostalgia dominava os que eram transferidos de seus estados para cá. Estávamos em plena ditadura militar, tão implacável que até JK ("peixe vivo"), o fundador da cidade, foi impedido de visitá-la.
DA GÊNESE À CONSUMAÇÃO
Dois eixos em cruz
autorama gigante
da metaloucura
DA SOLIDÃO
Socorro, gente,
onde está todo mundo
dessa cidade?
DO CHEGANTE I
Atrás de poder
deixei longe o mar
policromado
DO CHEGANTE II
Prá sobreviver
deixei terras de bosque
tomadas de mim
DO CHEGANTE III
Não pude poder
escolher meu caminho
peço passagem
DA MOVIMENTAÇÃO
Redemoinho
de poeira vermelha
e inúteis papéis
DA POLUIÇÃO
Pobre do lago
ficou tão poluído
sem peixe vivo...
DOS PEÕES
Que triste sina
é viver construindo
sem mesmo morar
DA NOSTALGIA CABOCLA
Eu juro que ouvi
na linda alvorada
o canto do galo
DO PASSEIO
Praças e peões
nas escadas do CNB
degraus de sonhos
DO BEM-ESTAR
As mansões do lago
ficam depois da ponte
na ponte aérea
DA CONSOLAÇÃO
Sorria gente,
ainda que do cerrado
Brasília é flor
Esses haicais foram escritos na metade da década de 75, quando a urbe ainda não tinha passado pelo processo de inchação. Havia muitos espaços vazios, pouca gente nas ruas, uma nostalgia dominava os que eram transferidos de seus estados para cá. Estávamos em plena ditadura militar, tão implacável que até JK ("peixe vivo"), o fundador da cidade, foi impedido de visitá-la.
DA GÊNESE À CONSUMAÇÃO
Dois eixos em cruz
autorama gigante
da metaloucura
DA SOLIDÃO
Socorro, gente,
onde está todo mundo
dessa cidade?
DO CHEGANTE I
Atrás de poder
deixei longe o mar
policromado
DO CHEGANTE II
Prá sobreviver
deixei terras de bosque
tomadas de mim
DO CHEGANTE III
Não pude poder
escolher meu caminho
peço passagem
DA MOVIMENTAÇÃO
Redemoinho
de poeira vermelha
e inúteis papéis
DA POLUIÇÃO
Pobre do lago
ficou tão poluído
sem peixe vivo...
DOS PEÕES
Que triste sina
é viver construindo
sem mesmo morar
DA NOSTALGIA CABOCLA
Eu juro que ouvi
na linda alvorada
o canto do galo
DO PASSEIO
Praças e peões
nas escadas do CNB
degraus de sonhos
DO BEM-ESTAR
As mansões do lago
ficam depois da ponte
na ponte aérea
DA CONSOLAÇÃO
Sorria gente,
ainda que do cerrado
Brasília é flor