ERROS GRAMATICAIS CONSAGRADOS PELO USO

Tem horas que a Gramática incomoda até os seus maiores defensores. O escritor quer fazer bonito, mostrar que conhece as regras, dar um toque de perfeição ao texto que será lido por muitos. Mas pode chegar ao ponto de querer dar um chute em certas normas, às vezes rígidas mas ridicularizadas pelo uso popular.

Um dos casos mais comuns é a expressão "chegar em casa". Pela Gramática, está errado. O certo seria "chegar a casa", pois o verbo "chegar" pede a preposição "a". O escritor quer dizer: "Cheguei em casa às oito horas". Uma frase assim tem uma bela sonoridade e é perfeitamente compreensível. Mas a Gramática lhe diz que ele (o escritor) deve escrever: "Cheguei a casa às oito horas". No tempo de Machado de Assis escrevia-se assim, mas hoje ninguém se conforma em usar tal combinação de verbo-preposição-substantivo.

Coisa pior é o plural da palavra "gol". Qualquer comentarista esportivo diz que o atacante fez dois gols no último jogo. Mas pela Gramática o plural de "gol" é "golos". Parece difícil de aceitar, mas o fato é que "gols" é uma aberração consagrada pelo uso. Porém é a forma que eu prefiro, e dane-se a Gramática.

Outro caso é a expressão "custei a acreditar". Você pode não acreditar, mas está errado. O certo é "custou-me acreditar", expressão essa que a velha e boa Gramática nos impõe. Ao invés de dizer: "Custei a acreditar quando ele disse que iria vencer a corrida", devemos dizer: "Custou-me acreditar quando ele disse que iria vencer a corrida". Devemos, mas não é como dizemos. Neste caso, "acreditar" é o sujeito da oração, e "custar" tem o sentido de "ser difícil".

Bem, não vou citar mais casos, já que este texto não vai mudar a forma como falamos. Acho que devemos sempre usar a forma que nos parece melhor, sem a excessiva preocupação com a Gramática. Afinal, a Gramática é nossa amiga, sempre disposta a nos perdoar por qualquer deslize.

Egon Werner
Enviado por Egon Werner em 24/02/2019
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