EPITÁFIO – (1) – Flagrante de litro? Não, flagrante delito
Transcreve-se de um dos jornais mais cruciais deste magno país, uma notícia do dia 15/04/2014, a propósito de um qualquer secretário da Unita do qual o nome a memória já não me lembra.
“ (…) Secretário do Ambiente da Unita em flagrante de litro”.
A expressão “ flagrante de litro” é uma dedicatória escrita por Fernando Pessoa no verso de uma fotografia que ele ofereceu à namorada, Ofélia Queirós. “ Em flagrante de litro ou “Uma Segunda História de Amor”, no blogue O meu Pessoa, o próprio poeta aparece a beber álcool, no ambiente da casa Abel Pereira da Fonseca, situação não propriamente prestigiante, que inspira um trocadilho entre jocoso e irónico com uma expressão mais convencional, «flagrante delito», termo jurídico que significa facto punível que é descoberto no próprio momento em que é cometido. Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.
O substantivo “delito” é muitas vezes usado de forma deturpada como “delitro”, forma que não tem respaldo gramatical. É inconcebível como uma “brincadeirinha” do renomado poeta Fernando Pessoa, pudesse ter tamanha repercussão, ainda mais no Jornal de Angola, cujas pessoas completivas são de alta escolaridade e que, deveras, entendem bem essas coisas de língua e de gramática.