Ainda sobre a vírgula entre o «sujeito» e o «verbo»
Considero elementares o aprendizado e o uso do vírgula, mas não há meio de fazer erradicar certos erros relativos ao emprego desse sinal de pontuação. Na verdade, quem não o usa correctamente nunca estudou regularmente. Ou foi um mau aluno. Ou, o que é bem pior: teve um mau professor. Sim, porque não se admite em pleno século XXI que uma pessoa escreva “errar, é humano”, “o João, está a estudar”, “a vida, é curta”, etc. Estou a referir-me a uma pessoa comum, e não a José Carlos de Almeida. Ele tem obrigação de usar esse sinal conforme às normas da língua. Usa? Faça seu próprio juízo, ao ler esta afirmação colhida em sua obra Ensaboado & Enxaguado, p. 113:
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Frauda, não existe.
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Não se separa por VÍRGULA o SUJEITO do VERBO desde que a camada de ozónio se formou, para nos proteger dos raios ultravioleta… O professor José, no entanto, parece estar a viver antes dessa época, que foi justamente o tempo em que se separava por vírgula o sujeito do verbo.
Mas quem é que hoje separa por vírgula o sujeito do verbo? Nem mesmo Bartolomeu Guimarães, personagem de Ronald Golias, o faria.
Desculpem-me da falta de modéstia! Não há autoridade actual séria que defenda a separação do sujeito do verbo por vírgula.
Professor que escreve “frauda, não existe” (separando por VÍRGULA o SUJEITO do VERBO) equivale a médico que diz que o coração fica no umbigo…
A Educação angolana vai, de facto, de vento em popa…
De maus professores e maus-caracteres certas universidades angolanas estão cheiinhas, disso estamos cansados de saber.
Enquanto os pedagogos pensarem em filosofar, todas as nossas crianças estarão perdidas e, por consequência, estará seriamente comprometido o futuro do país (não faço afirmação gratuita: estou devidamente a documentar). Enquanto persistirem indivíduos desse jaez em postos importantes do nosso sistema educacional, os rankings internacionais estarão sempre a acusar Angola como um dos piores países do mundo em Educação. Há universidades angolanas sérias que não merecem certos professores, a quem abrigam. E o caro leitor conhece muito bem alguns exemplos deles, fornecidos aqui mesmo no RL. São indivíduos que se acham os donos da verdade e falam aos seus alunos como se fossem os deuses da Educação. O lado bom disso tudo é que alunos conscientes nunca acreditam neles e dão de ombros para seus conceitos filosóficos educacionais, principalmente quando enfrentam uma sala de aula, quando dão de cara com a realidade. Educação séria é para educadores sérios. E Educação séria esse tipo de gente desconhece.
Do Brasil, no entanto, Caetano Veloso com a sua «frase lapidar»:
Brasileiro adora dizer que o Brasil não presta, que a língua portuguesa é uma porcaria, que todo o mundo escreve errado e ninguém reclama.
Ninguém, Caetano?!
A vírgula é o sinal de pontuação mais usado em português e que mais dificuldades apresenta. Os elementos principais de uma oração (sujeito, predicado, nome predicativo do sujeito, complemento directo) não podem ser separados por vírgula, quando se encontram seguidos. Há, todavia, os que ainda insistem em escrever “frauda, não existe”, “errar, é humano”, etc. Paciência: neste mundo há mesmo de tudo. Daí por que nos resignamos. Mas não perdoamos…
Alguém que frequentou direitinho a escola, mesmo somente até a 4.ª classe, separará por vírgula o sujeito do verbo?
(Não, não precisam se incomodar de me dar resposta imediata! Respondam-me daqui a três ou quatro dias…)
Ante o exposto, alguns até poderiam aconselhar a esse professor: Fica quietinho aí no teu canto, corrige direitinho aí o teu livro e te aquieta, não te arrisques a ir muito além do teu sapato, que te perdes sozinho! Eu seria um deles, servindo-me de uma frase de Sacconi, se a memória me é fiel…
Basta raciocinar um pouco, só um pouco ou, então, ter um pouquinho de paciência e consultar uma gramática séria. Vai ver que não se separa por VÍRGULA os ELEMENTOS PRINCIPAIS de uma oração. Vou continuar a bater na tecla; quem sabe um dia os surdos ouvem um sonzinho diferente…