Mau uso do artigo
Nesta semana, o crítico de literatura J. B. traz, no post 704, as fotos de Dalton e de Leminski. Sobre as fotos, escreve:
Em geral, acho que a literatura tem um destaque excepcional entre nós, a partir de presenças fortes como "o" Dalton e "o" Leminski, por exemplo (…).
Bem, quer nos parecer (salvo forte engano) que esse crítico de literatura está muito longe de ser amigo de Dalton e de Leminski. Ora, [em] sendo assim, por que o artigo antes dos dois nomes? O artigo antes de um nome próprio indica intimidade, familiaridade. É isso o que o crítico literário tem com essas duas figuras?
OBS.: No Nordeste do Brasil, por exemplo, não é costume usar-se o artigo antes de nome próprio nem mesmo se a pessoa for da própria família. Quando o gramático Luiz Antonio Sacconi fez as suas primeiras palestras nessa região, estranhava quando ouvia: «O livro de Sacconi, a palestra de Sacconi», etc.
Agora, reparem na ânsia que tem uma pessoa de ensinar bem, de ser didáctico, sem o conseguir:
«'Cuca de cima, Cuca de cima', chamava um cobrador de um candongueiro que fazia o trajecto do São Paulo à "Cuca", por volta das 22 horas. A esta hora, geralmente há escassez de táxis e muitos 'chicos espertos', como diz "o" Paulo Miranda, aproveitam-se da situação para tirar sempre mais algum de quem, com muito esforço, se sacrifica para conseguir os cem “contos” da passagem».
Primeiro: não se usa artigo antes de nomes inteiros (Paulo Miranda); segundo: mesmo que só fosse usado Paulo, o artigo não tinha razão de ser, porque só se usa artigo antes de nomes de pessoas com as quais temos intimidade. A menos que o «nosso» professor seja um amigão desse conhecido radialista, coisa que o texto, todavia, não faz supor.
Haveria necessidade de dele usar o «o» antes de Paulo Miranda? Não. Bastaria usar Paulo Miranda. Alguém entendeu diferente, com a omissão do artigo? Creio que não.
Peço desculpa da observação, mas foi com boa intenção. Até rima!