Momento de reflexão – O salário e a Educação
Porque é importante, e todos devem conscientizar-se do problema, que é sério, reproduzo aqui carta de um leitor do jornal “Nova Gazeta” [ed. 105, datado de 23 de Julho de 2014, pág. 39]:
São poucos os países que olham para o professor como o formador de todas as outras profissões. Em Angola, até se faz pior: são tratados como mendigos.
A semana passada, tive de ajudar um professor do II ciclo que quase 'levou uma surra' de um cobrador de táxi pelo motivo mais banal e humilhante que podia existir: faltava-lhe 100 kwanzas para completar os 200 que o candongueiro havia 'instituído' – especulação ainda nos faz companhia, embora não seja o foco desta carta. Se tivesse sido por esquecimento, a situação ter-me-ia parecido normal, mas não foi. Aquele professor estava – permitam-me a linguagem – nos picos, ou seja, não tinha dinheiro para sair da Maianga até a sua casa em Viana. E como sei bem o que é estar nos 'picos', não hesitei, dei-lhe mais 300 kwanzas para pagar o táxi e, talvez, saborear uma magoga com quissangua. Depois de me agradecer, murmurou: "Se um gajo fizer greve, vão dizer que é falta de patriotismo?!". É esta a pergunta que milhares professores gostavam que o Estado respondesse. Os professores – falo por eles porque também o sou – não querem decretos bonitos nem reformas megalómanas. Os 'homens do giz', como às vezes são chamados, estão a pedir aquilo que podiam e deviam exigir: melhores salários e actualização da carreira docente.
Quanto à greve, leiam o Artigo 51º da Constituição.
A carta é de autoria de um professor de uma universidade, Luís Narciso da Silva, a quem cumprimento pela coragem e pela clarividência. Todos deveríamos reflectir sobre esse grave problema da nossa educação. Mas não apenas reflectir, tomar uma atitude; afinal, o futuro do país depende da Educação.