A expressão “ambos os dois”, em nosso sentir, é NÃO pleonástica
O lúcido texto “AMBOS OS DOIS” [NOSSO ENTENDIMENTO] [Código do texto: T4752218, datado de 4.01.2014], de David Fares, rigoroso, como sempre, deixou em aberto, mesmo assim, uma chamada de atenção para uma subtileza da língua.
Como aí se sublinha, uma coisa é pleonástica, outra de indiscutível legitimidade. O numeral "ambos", que é o único "dual" em português, pode ser reforçado em "ambos os dois", "ambos de dois", "ambos e dois", "ambos a dois", "a dois ambos".
Exs.:
"O certo é que ambos os dois monges
caminhavam juntos."
(Herculano)
"Ambos estes dois instrumentos."
(Vieira)
"Nós viemos praticando ambos de dous."
(Antônio Prestes)
"De ambos de dois a fronte coroada/ Ramos não
conhecidos e ervas tinha."
(Camões).
«Modernamente, porém, vem se evitando o emprego pleonástico de "ambos os dois", embora seja correto. (Rocha Lima, Gramática Normativa da Língua
Portuguesa.)»(*)
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(*)Hélio Consolaro