“Trapalhão” - a quem interessar possa
Há um senhor que dá aulas de português neste espaço literário que, não tendo suficiente hombridade para se identificar, faz-me comentários contestando este ou aquele ensinamento de minhas aulas, a maioria sem nenhum fundamento. O penúltimo foi relativo à pronúncia das VOGAIS ABERTAS e FECHADAS. Pois eu respondo a esse sujeito, que nem mesmo possui formação em Letras, mas em Eletricidade, que o assunto a que ele se refere saiu corretamente na aula – “O verbo ATRAPALHAR” [Código do Texto: Código do texto: T4585616, datado de 25/11/2013.] Hoje, todavia, alguns dicionários registam a forma “trapalhão” a seu bel-prazer, ocasionando a confusão.
Sou obrigado a insistir neste assunto. Quero que saibam que não me interessam opiniões alheias, de leigos ou de pseudoprofessores. Ou melhor, só me interessam na medida em que os argumentos sejam razoáveis, só me interessam na medida em que seus autores tenham também se debruçado sobre o assunto. Sim, porque o assunto parece pueril, mas na realidade é falacioso, cheio de nuances e “pegadinhas”. Reafirmo: não existe a forma “trapalhão”. O que existe é atrapalhão (= quem atrapalha, é atrapalhão). Foi essa a única conclusão a que NAPOLEÃO MENDES DE ALMEIDA chegou, quando, entrevistado pela revista VEJA, se pronunciou: "Até nos títulos dos programas se cometem invencionices. Há um humorístico chamado 'Os Trapalhões'. Essa palavra não existe em português. O verbo é atrapalhar. Quem atrapalha, portanto, é atrapalhão. Por que tirar o a da palavra?".
NAPOLEÃO MENDES DE ALMEIDA era muito criticado pelos “linguistas da oralidade” (esses que defendem a “questã” do “mendingo” e da “mortandela”), mas nenhum deles lhe negou mérito de grande latinista e profundo conhecedor do idioma. Poucos brasileiros, em todos os tempos, conheceram tão profundamente a nossa língua como NAPOLEÃO MENDES DE ALMEIDA. Pena que esse mestre erudito já não esteja entre nós para dar continuidade à sua excelente coluna… (se é que me entendem).
Alguém discorda de mim? Que me elucide, se é que há tempo para isso…
Ou essa gente está perdida, tão perdida quão cego em cerrado tiroteio, ou é mesmo extremamente incompetente. E saber que estamos todos obrigados a seguir o que essa gente decide! Sabem como me sinto? Eu me sinto como aquele recruta que, disciplinado, segue rigorosamente o seu comandante em direção a um abismo, para suicidar-se…
Estimado IRMÃO NA LÍNGUA:
- Se o senhor tivesse a hombridade de escrever diretamente para mim, sem deixar transparecer em cada uma de suas linhas sentimentos pouco nobres, que eu conheço muito bem, principalmente em fontes recorrentes de sua estirpe, eu teria muito prazer em lhe dar resposta.
Sentimentos pouco nobres? Estirpe? Vixe!