Mim e eu: uso
J. U, S.(*) hesitou sobre se estaria perfeitamente dentro da norma a seguinte frase, que ouviu de seu professor de Língua e Literatura Portuguesas:
__«Estes dois pontos são para "MIM" poder distinguir o que vem a seguir»___
Tem razão em hesitar; e mais razão terá em repudiar aquela frase, como estranha à sintaxe portuguesa e peculiar à chinesa.
"Mim" não distingue nunca, nem vai distinguir nunca! "Mim", antes de verbo, quem usa é índio.
Índio é que diz a toda a hora: "Mim gostar de pipoca! Mim quer pipoca! Mim dar tudo por uma pipoca!"..., servindo-me de uma frase de Sacconi.
Os civilizados usamos eu:
Para eu poder distinguir:
Já parece mal repetir pela milésima vez que «para mim distinguir», «para mim estudar», etc., são erros crassos, perpetrados vulgarmente sob a influência da construção «Isto não é trabalho para mim», como se estivesse a ... É exa[c]tamente o contrário: o "mim", ali, não exerce a função de sujeito, menos talvez "eu", que exerce a função de sujeito e que pode dizer-se «para eu distinguir», com se poderá dizer «para eu estudar». Mas, como neste caso, há lógica em usar "eu", digo «para eu amar», «para eu corrigir»...E daqui não se conclua que se deve dizer «para "mim" poder distinguir», «para "mim" fazer», o que é tolice, embora perpetrada por muito boa gente.
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(*)ukakasebastiao@gmail.com