Emprego do "x": lição para crianças
Fiquei feliz de receber o convite para, nas próximas edições, redigir uma coluna de língua portuguesa neste jornalzinho que nasce com o belo propósito de integrar ainda mais toda a comunidade envolvida com o CELE. Foi uma bela iniciativa, e a direção está de parabéns.
Vou, então, usar, nos próximos números, o espaço oferecido para discutir algumas questões que costumam embaraçar as crianças na hora de escrever ou até mesmo seus pais quando ajudam os filhos na execução das tarefas escolares.
Vou, na medida do possível, tentar passar as informações de uma maneira bem simples para que todos entendam, e me sentirei útil se aqueles que ainda não estão lendo com desenvoltura guardarem o jornalzinho e um dia aprenderem alguma coisa com ele.
Chega de conversa e vamos, então, ao nosso assunto de hoje. Vocês repararam que, no segundo parágrafo, escrevi a palavra “execução” com “x”, embora o som seja de “zê”. Que problema, não? Realmente, a escrita correta das palavras deixa as crianças (e o adultos também!) aborrecidos, porque muitas vezes falamos de uma forma e escrevemos de outra. Não seria então mais coerente escrevermos do jeito que falamos? A coisa não é tão simples assim, porque a pronúncia de nossa língua varia de região para região, de classe social para classe social, e nós mesmos mudamos nossa maneira de falar de acordo com a situação em que nos encontramos. Como veem, a questão não é tão simples; há mesmo a necessidade de uma uniformização.
Mas voltemos aquele “x” de execução. Nesse caso, eu posso ajudá-los. Observem outras palavras: exagero, exame, exagerado, exaltar, exaltado, examinar, exato, exatidão, exausto, exemplo, exemplar, existência, exército, exercício, exercitar, êxito etc. Vejam que depois da letra “e” o som de “zê” é representado na escrita com “x”. Consultem o dicionário de vocês e encontrarão muitos outros exemplos; acharão, também, “esôfago”, que acaba sendo uma pedra no nosso caminho...
Quero, ainda, dizer a vocês que o domínio da ortografia é conquista lenta, é conquista de uma vida, pois muitos fatores interferiram até que chegássemos a essa forma atual de escrever. Leiam muito, escrevam sempre, e o tempo se encarregará de muitas coisas... Mês que vem, eu volto. Ah! ia me esquecendo... Se tiverem alguma dúvida ou sugestão para nossa próxima coluna, entreguem à redação do jornal.
(Texto publicado há uns dez anos no jornalzinho do CELE – Centro Educacional Letrinhas Encantadas, aqui de Juiz de Fora; à epoca escrevi algumas coluninhas, que já estão disponíveis no Recanto)