Reflexão e Ação 17
O mau uso da oralidade, quando transportado para a escrita, alimenta o pleonasmo vicioso. Muitos exemplificam essa figura de linguagem com frases tais como “subir para cima", "descer para baixo", "ver com os próprios olhos.” Exemplos corretos e que deixamos de falar e escrever, porque nos levam a situações de constrangimento.
Contudo, existem outros pleonasmos, que precisam fazer parte do nosso cuidado estilístico, e, no entanto, nós os desprezamos por desconhecimento às regras ou por acreditar que estão corretos.
Observe o que o vício de linguagem faz com nossos textos,
enfeiando-os e denotando pouco conhecimento da língua materna:
HÁ ANOS ATRÁS (o verbo “haver”, nesse período, dispensa o advérbio “atrás”, porque é entendido que “há anos” está no passado)
BASEADO EM FATOS REAIS (fatos são sempre reais. Não há necessidade de enfatizar)
ENTRE EU E VOCÊ ( a preposição “entre” não admite pronome pessoal do caso reto “eu”. Diga e escreva “entre MIM e você, entre Mim e ele)
PREFEITO DA CIDADE (prefeito só existe da cidade)
ELO DE LIGAÇÃO ( desconheço elos que não se ligam)
GANHE GRÁTIS (alguém paga para ganhar um presente?)
CERTEZA ABSOLUTA (não existem meias certezas)
CRIAR NOVAS VAGAS DE EMPREGO (apresente-me quem cria algo que não seja novo)
Há quem considere esses exemplos casos de Tautologia. O importante é que evitemos, a todo custo, esses períodos em nossos textos e em nossas falas. Poetas como Camões, Gonçalves Dias, Fernando Pessoa construíram textos imortais, usando pleonasmo literário com total competência, sem que notássemos o reforço semântico em seus versos.
Abraços