ADFOGADO NO DICIONARIO
AFOGADO NO DICIONÁRIO
Na minha fraca imaginação
Já escrevi sobre todos os assuntos.
Portanto agora me pergunto:
Sobre qual tema escreverei?
Não sei responder
E ao dicionário pergunto?
Ele então me respondeu:
Consulte o abecedário, aborde-o,
E logo gozará de abrangência
Sobre inumeráveis matérias,
No atacado e no varejo,
Atordoando-o.
Como autodidata, auscultei a mente,
Num élan aventuroso, e me choquei:
Azucrinar azafamado a aurícula do leitor
Com os vendavais de poemas de amor
É bandalheira trivial,
E oferecer esse acepipe, recusar-me-ei.
Atacado de baixo-astral,
Qual diligente bandeirante,
Às paginas do “pai dos burros”, folheei.
Embasbacado, como um aprendiz.
Fiquei num “chove não molha”,
Garimpando lar como judeu errante.
Aturdido, senti que o dicionário
É um fertilizante mental
E logo o fremir do meu ego vaidoso
Movido a positivismo se regalou
Da pluralidade excêntrica
Da verbosidade gramatical.
A mídia multifacetada, estampa
A lexicologia com criatividade,
E o leitor precisa estar atento
Ao avanço da gramatologia.
Foi assim que encontrei o tema
Para escrever este diário.
Nos noticiários há violências demais,
No parlamento há escândalos demais,
E os congressistas nada produzem
A não ser CPI inúteis e nada mais.
Porém, a mídia e a política criam
Neologismos de mais.