PÔS-SE O SOL
MOTE
Pôs-se o sol; como já, na sombra feia,
Do dia, pouco a pouco a luz desmaia!
E a parda mão da Noite, antes que caia,
De grossas nuvens todo o ar semeia!
João Xavier de Matos
GLOSA
Pôs-se o sol; como já, na sombra feia,
a noite aproxima-se lenta e escura;
e, aos poucos, a minha alma floreia,
deixando-lhe repleta de ternura.
A lua chega suave e a tudo clareia.
Do dia, pouco a pouco a luz desmaia!
Curto o nascer das estrelas na areia,
e também a lua que no mar se espraia.
Vento forte levou-me a sair da praia.
Nada restou do lindo céu estelar
E a parda mão da Noite, antes que caia,
já que não pode a chuva protelar.
De temporais, receio suas dimensões.
Por um sono calmo meu ser anseia;
além de relâmpagos e trovões,
De grossas nuvens todo o ar semeia!