Essa noite eu retalho o mundo inteiro com a peixeira amolada do repente

Hoje eu canto martelo agalopado,

Atravesso o reverso com meu som.

Com Leminski, Rimbaud, Hermeto e Tom

Aprendi rima, nota e ponteado.

Um baiano cantou “Desafinado",

Harmonia tão doce e tão cadente

Deu um chega na saudade da gente

E o seu pinho se fez de mensageiro

Essa noite eu retalho o mundo inteiro

Com a peixeira amolada do repente.

Caetano provou que é muito bom,

Me encantei com os escritos de Neruda.

Eu percebo que a minha mente muda

Com a “Nadja” mais louca de Breton.

Já bebi com Bandeira e com Drummond,

Vi Florbela fazer “O Sol Poente”,

No Sertã Guimarães é mais valente,

Mas aqui já tem Pinto do Monteiro

Essa noite eu retalho o mundo inteiro

Com a peixeira amolada do repente.

Com Raul aprendi cantar baião,

Misturei Gonzagão com Elvis Presley,

João Cabral, Bob Dylan e John Wesley

Na loucura de Itamar Assumpção.

Pixinguinha com seu choro-canção,

Otacílio Baptista e Zé Vicente,

Depois ponho um LP de Assis Valente

E termino com Jackson do Pandeiro

Essa noite eu retalho o mundo inteiro

Com a peixeira amolada do repente.

Glosa: Eltonn Moreira

Mote: Lirinha