Um fruto decente
Mote:
“Pela casca não se conhece o fruto
se lhe não tivermos metido o dente.” (SARAMAGO, José. Memorial do Convento)
Glosa:
Hoje, vejo a faca em meu peito bruto.
Muitas sombras rondam minha mente.
Pela casca não se conhece o fruto
se lhe não tivermos metido o dente.
Sou filho de um protetor resoluto,
que me mata em meio a toda essa gente.
Pela casca não se conhece o fruto
se lhe não tivermos metido o dente.
Há irmãos embaixo do viaduto
Julgados pela elite eminente.
Pela casca não se conhece o fruto
se lhe não tivermos metido o dente.
O espelho esconde meus atributos,
Revela só uma alma doente.
Pela casca não se conhece o fruto
se lhe não tivermos metido o dente.
Não quero mais ser vadio, puto,
Tampouco a quero só como cliente.
Pela casca não se conhece o fruto
se lhe não tivermos metido o dente.
O mundo quer um substituto,
Mas sou eu o titular decente.
Pela casca não se conhece o fruto
se lhe não tivermos metido o dente.