A Morte - do Livro No Tempo dos Cangaceiros
Maza começou em primeira voz:
1ª
- Já morreram meus irmãos
Também morreram meus pais
Já morreram alguns amigos
Vão morrendo outros mais
E pela primeira vez
Vou dizer para vocês
O que é que a morte faz
Tanieide sustentou a segunda glosa
2ª
- A morte trás a tristeza
A vida trás alegria
A morte é destruidora
De tudo que a terra cria
A morte não tem amor
A mesma morte matou
Jesus filho de Maria
1ª
A morte por ousadia
Matou mamãe e papai
Não sei de onde ela vem
Não sei de onde ela sai
A morte trás o desprezo
Se alguém mata vai preso
A morte mata e não vai
2ª
A morte que matou meu pai
Mata qualquer vivente
Mata o rico e mata o pobre
Mata o fraco e o valente
A morte não se engana
No dia que ela se dana
Mata até o presidente
1ª
Mata a criança inocente
Mata o jovem e a donzela
Mata o homem do cinema
Mata a mulher da novela
Matou Joaquim e Raimundo
Anda matando no mundo
E ninguém persegue ela
2ª
Mata aquele mata aquela
Da morte ninguém escapa
Dos seres vivos da terra
A morte vem e faz o rapa
Mata o leigo e mata o padre
Mata a freira e o frade
Mata o bispo e até o papa
Maza fechou a glosa.
- Nunca vi doença boa
Nunca vi morte bonita
Feliz de que tem fé
E em Jesus Cristo acredita
Mas Deus disse com certeza
Quem comunga em minha mesa
Morrendo se ressuscita.
A volante aplaudiu frenética satisfeita com os dois poetas e logo um outro solicitou uma segunda rodada com o mote Como Deus Criou o Mundo.
Desta feita Tanieide fez a primeira e Maza a segunda voz.
1ª
- O autor da criação
Com seu poder profundo
Criou de tudo no mundo
Sem em nada por a mão
Fez com tanta perfeição
A terra e a maresia
Fez a noite fez o dia
Fez as estrela e a lua
Como o seu poder continua
É Deus o pai que nos cria.
2ª
Deus fez o céu e a terra
O sol e o firmamento
Fez as estrelas e a lua
Fez o ar que é o vento
Com suas mãos abençoadas
Fez isto tudo do nada
Assim diz o antigo testamento
Más para mostrar seu talento
Completou tudo nos seis
Deu força pra satanás
Mas ele é besta e não faz
Aquilo que Jesus fez
1ª
Deus ainda fez o homem
Por um motivo qualquer
Viu que dos ossos seus
Havia um sem "mister"
Mas Deus por não ser ingrato
Quando ia jogá-lo no mato
Lembrou-se e fez a mulher
2ª
Deus criou a mulher
Da costela de Adão
E fez com tanta perfeição
Toda cheia de mistérios
E pelo um motivo qualquer
Notou que tinha errado
Para não cair em pecado
E nem se tornar infeliz
Deus fez a mulher
E não quis...
Ficar com ela ao seu lado.
Tanieide reconhecendo que Rolim estava inspiradíssimo deu por encerrada a glosa num aperto de mãos e a volante eufórica após apreciar aqueles versos voltou ao seu cotidiano.