AS ESTRELAS DORMIRAM CEDO

Hoje o encarregado no céu de iluminar a noite não acendeu o luar nem avisou às estrelas para as piscadelas de sempre que encantam os poetas. A Ursa Maior e o Cruzeiro do Sul provavelmente dormiram cedo por algum motivo talvez obscuro. Por isso o caos no espaço, inclusive as nuvens estranharam a confusão e não foram avisadas para jogar água na terra. Algo de muito errado não está certo no âmbito estelar.

Dada a conhecida complexidade do firmamento para meros mortais como eu, prefiro passar ao largo do imbróglio, deixar isso para lá e descartar a hipótese de dar mesmo que que seja um simples pitaco sobre o assunto. Pode sobrar algum resquício de turbulência para mim. Claro, fiquei órfão de inspiração ante a ausência da lua e a desídia das estrelas, nenhuma dúvida. Coisas da vida, reconheço.

A consequência mais realçante é que poesias, frases, crônicas e outros textos literários já eram por hoje, calo-me sem produzir algo sério diante de realidade tão absurda. Céu desprovido de luares e com estrelas apagadas significa o aqui e agora sem de igual modo textos nem contextos. Nada a fazer. Os prejudicados reclamem com os anjos, se quiserem, decerto eles estão a par da situação melhor que eu. Ou com as aves notívagas, testemunhas noturnas diárias dos fatos e boatos desse período. Mas também, quem perderá tempo fazendo isso se somente dois ou três leitores, olhe lá se tantos, visualizam minhas veleidades? Vão achar é bom!

Pronto, tá decidido e sacramentado, foi-se o luar, dormiram as estrelas, pirilampos nem sonhar, mesmos os grilos parecem de dieta de carinho, tamanho o silêncio. Resumindo tudo, adeus criatividade, by by imaginação, hoje nada! Quem perde é a indiferença, o desprezo, a ironia, que sem meus rabiscos não terão motivo para rir nem zombar.

E eu não perderei tempo derretendo os poucos neurônios da cachola tentando escrever uma bobagemzinha qualquer para a leitura de uns mínimos gatos pingados que, sem acharem coisa melhor, arriscam olhadelas desinteressadas nos meus destemperados e insossos devaneios. Assim ficam elas por elas, bom demais da conta!

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 24/09/2024
Reeditado em 25/09/2024
Código do texto: T8159199
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