Distanciando

Ao soprar o berrante,

A boiada atende,

E os sonhos de boiadeiros seguem avante;

 Infinitamente, adiante!

Se a felicidade exige ousadia,

A liberdade requer coragem.

Sopre o berrante,

Boiada berra,

Sol desliza no céu,

Tarde que cai,

Em silente poente.

Sopre o berrante,

Boiadeiros e cães na frente,

No meio,

Atrás,

Guiando gado errante.

Cruzando cercas de arames farpados,

Esticados,

Enlaçados,

por mourões de peroba,

Cedro,

Angico,

Abraçados.

A vida é feita de contradição,

E quanto mais a minha casa,

Se distancia,

Mais próximo dela,

Fico.

Eternamente gigante,

É o que não se tem.

Sigamos em frente,

Sem parada,

Em fila indiana,

Comitiva perene;

Pois, se dado corda,

Os ponteiros dos relógios não param,

E atrás de uma colina qualquer,

Está o banho de água quente ou fria,

Pouco importa,

O tão esperado descanso,

Jantar feito no fogão à lenha,

Uma singela cama,

Nos espera em nobre estalagem,

Esconderijo de boiada,

E também de boiadeiros que não clamam por fama.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 22/04/2021
Reeditado em 26/04/2021
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