Distanciando
Ao soprar o berrante,
A boiada atende,
E os sonhos de boiadeiros seguem avante;
Infinitamente, adiante!
Se a felicidade exige ousadia,
A liberdade requer coragem.
Sopre o berrante,
Boiada berra,
Sol desliza no céu,
Tarde que cai,
Em silente poente.
Sopre o berrante,
Boiadeiros e cães na frente,
No meio,
Atrás,
Guiando gado errante.
Cruzando cercas de arames farpados,
Esticados,
Enlaçados,
por mourões de peroba,
Cedro,
Angico,
Abraçados.
A vida é feita de contradição,
E quanto mais a minha casa,
Se distancia,
Mais próximo dela,
Fico.
Eternamente gigante,
É o que não se tem.
Sigamos em frente,
Sem parada,
Em fila indiana,
Comitiva perene;
Pois, se dado corda,
Os ponteiros dos relógios não param,
E atrás de uma colina qualquer,
Está o banho de água quente ou fria,
Pouco importa,
O tão esperado descanso,
Jantar feito no fogão à lenha,
Uma singela cama,
Nos espera em nobre estalagem,
Esconderijo de boiada,
E também de boiadeiros que não clamam por fama.