A PASTORA - 5
Elizabete era a menina mais bonita da escola – ele achava. E tinha certeza que era, porque outros colegas também diziam isso.
Ela e Benjamim não eram colegas de classe. Ela devia ser uns três ou quatro anos mais nova do que ele. Não sabia. Só depois – muito tempo depois – ficou sabendo que a diferença de idade entre eles era de dois anos e meio. Assim, quando ele tinha quatorze anos, ela estava com onze e meio. E foi com quase quatorze anos que ele a viu com outros olhos; e a achou linda, e se apaixonou por ela.
Houve momentos especiais com ela na época da escola. Raros, mas houve, dos quais nunca se esqueceu. Um deles foi durante um desfile de 7 de setembro, quando, numa praça, o pelotão em que ele estava se emparelhou com o dela, e ficaram ombro a ombro, separados por apenas poucos centímetros. Elizabete estava com as maçãs do rosto vermelhas do sol; gotículas de suor brilhavam em seu nariz e na testa; ela marchava entusiasticamente, sem sair do lugar, como todos estavam fazendo.
Benjamim olhou para ela, e ela sorriu.
Nunca esqueceu aquelas maçãs vermelhas e as gotículas de suor no nariz... e o sorriso, mostrando os dentes pequenos e alvos.