Aos Bufões Brasileiros
Felizes os que fazem de seu cotidiano, poesia e latumias, é sinal que a mesa está farta e o pote de barro cheio de água; porque em certos recantos, cito a África do Gabão, da Zâmbia, Etiópia, Timor Leste, ou do outro lado do muro, na Bolívia, Venezuela, Paraguai, Porto Rico entre tantos, a fome e a miséria aniquilaram a esperança e como consequência, silenciaram as almas.
Por lá, o quadro emoldurado com ossos e desilusão, é pintado pelo artista com sangue ralo descorado.
Plantonista
Canhões de luzes emergem por debaixo das nuvens,
Céu laranja, vermelho, azul, cinza, branco;
Sol em passagem do plantão,
Tarde em ebulição.
Prenúncio de breu nebuloso em noite soturna!
Naquela época, porém, o mundo me parecia cheio de estórias e contas, traços geométricos desenhados com ciência, carinho, perfeição e paciência pelo céu azulado em nuvens sorridentes de algodão doce, fantasias do Castelo Ra-tim-bum.
Cada tempo tem, e conta seu tempo. Hoje tudo está ao alcance dos dedos e dos olhos; menos a arte vinda do céu desenhada pelo artista Daniel Azulay. As nuvens de algodão choram, tanto se sua falta, quanto de sua genial arte de encantar crianças!
Deveras, o tempo e a arte só podem contar como foram as coisas, no meu, no seu, no tempo dele.