Intimidades 841

Adormeci menino e, logo a seguir, o tempo havia passado tão depressa que o que foi doloroso, determinante ou formativo era já passado. Amores, paixões, leviandades, tudo se queimou, ia a escrever sem deixar rasto, mas isso é a única coisa que sobra, o rasto. Aroma, memória, dor pregressa e o caminho longo andado a prolongar-se dentro de um cerrado nevoeiro. Futuro, dizem, mas isso não importa hoje que me ocupa esta hora de tranquila evocação. O caminho existe mas não lhe conheço o trajeto, nem a lonjura, nem – muito menos – se terei pernas para o andar.

Edgardo Xavier
Enviado por Edgardo Xavier em 18/03/2018
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