Intimidades 698
Prometi-me a mim mesmo. Depois do banho, o óleo de coco, o alisar da pele, a insistência demorada lá. Prometi-me ainda em bom uso de ver, de pentear o cabelo ralo, de ter acesos os luzeiros e ensaiei o riso. Menos, recomendei-me. Há quem olhe para maduros mas só para os que possam ainda apaixonar-se, disse a voz. - Vivo apaixonado, garanto-me. O único problema é a exigência. Talvez pudesse não ver tudo, fingir que não percebo as imperfeições. Talvez pudesse levar-me pela mão até à porta. Bater com energia que me falta, ajeitar a gola da camisa e compor os cabelos da testa. Espreitar pela fresta e ver o amor a alindar-se para o desconhecido que sou eu. E, na minha mente, abre-se a casa e o amor insiste para que entre. Volto a rir demasiado e a voz recomenda-me: menos.