Lago da Solidão (Asoiretsim sonha com um baile)
-- Uma festa? Um baile?
-- Sim.
-- E você dançaria comigo?
-- Com muito prazer! – disse, mas pensei: como, se não sei dançar?
Estávamos tão próximos, um de frente para o outro. Tive vontade de abraça-la, mas ela se virou e continuamos a andar. Era tão bom segurar em sua mão. Quando gostamos de uma pessoa, sentimos prazer até nos toques casuais e inocentes. Enquanto caminhávamos o seu ombro e o lado de seu corpo esbarrava em mim.
-- Eu usaria um vestido longo, com um decote bem grande atrás e na frente. Um vestido deslumbrante, que deixaria você de queixo caído – ela disse ainda sonhando com uma festa.
-- Não apenas eu. Todos os homens ficariam.
-- Os homens são tão bobos!
-- Você acha?
-- Olha, isso é um elogio. Se não fossem, não teria graça.
-- Se os homens não fossem bobos, não teria graça? – Achei interessante ela dizer isso.
-- Sim. Bobos quando a mulher está bonita e sensual, não idiotas.
-- Acho que compreendo o que você quer dizer.
-- Toda mulher deseja ter o homem, pelo menos uma vez, debaixo de seus pés.
-- Agora você está sendo boba.
-- Por quê? – Ela ficou de frente para mim e continuou andando de costas.
-- Assim você vai cair – segurei-a nos braços.
-- Vamos, por que diz que estou sendo boba?
-- Por que as mulheres sempre têm os homens debaixo dos pés.
-- Ah, isso não é verdade!
Acheguei-me mais, e falei baixinho ao seu ouvido:
-- É, sim. É que, às vezes, os homens não deixam que elas percebam. Mas os homens fazem tudo o que as mulheres querem.
-- Nossa! Está me revelando um segredo de macho?
-- Portanto, não diga a ninguém que lhe contei.
-- Não, não digo! – falou séria, com um trejeito engraçado no rosto, que revelava um adorável fingimento.